No dia 10 de Janeiro a Igreja Católica entrou no chamado Tempo Comum, que nos vai acompanhar, em termos litúrgicos, ao longo da maior parte deste ano de 2022.

São Lucas

Este período é designado por Tempo Comum, não por ser um período menos importante na vida e na liturgia da Igreja, mas por  decorrer fora dos dois pontos centrais: Advento-Natal e Quaresma-Páscoa.

O Tempo Comum é considerado um tempo de vigilância, de espera, de esperança, pelo que a cor litúrgica é o verde, patente nos paramentos envergados pelo sacerdote na celebração da Missa.

Sendo um período longo, de 33 ou 34 semanas, o Tempo Comum é subdividido em duas partes: A primeira parte começa no dia seguinte à festa do Baptismo de Jesus (neste ano de 2022 a 10 de Janeiro) e vai até 01 de Março, a terça-feira antes da Quarta-feira de Cinzas, quando tem início a Quaresma.

A segunda parte do Tempo Comum recomeça na segunda-feira depois de Pentecostes (06 de Junho deste ano) e estende-se até 26 de Novembro, o sábado que antecede o primeiro domingo do Advento, quando tem início um novo Ano Litúrgico, o Ano A.

Começámos pelo chamado Segundo Domingo do Tempo Comum (16 de Janeiro), pois o primeiro é ocupado pela festa do Baptismo de Jesus.

O 34º Domingo do Tempo Comum, que assinala o fim deste período, é substituído pela Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, entrando-se no Tempo do Advento, iniciando-se um novo Ano Litúrgico, o Ano A, em que seguiremos o Evangelho de São Mateus.

Neste ano C seremos auxiliados pela leitura de um dos evangelhos sinópticos, o de São Lucas. O autor do terceiro evangelho nasceu em Antioquia da Síria, cresceu no paganismo e exerceu a profissão de médico. Foi convertido por São Paulo, do qual se tornou inseparável e fiel companheiro de missão.

Segundo a tradição, São Lucas também era pintor, músico e historiador. A sua vasta cultura e domínio de várias artes e línguas manifestou-se nos seus escritos em grego correcto, belo e rico de vocabulário.

É também o autor dos Actos dos Apóstolos, como história da vida e missão das primeiras comunidades e seus pastores.

Segue os usos dos historiógrafos do seu tempo, mas a história que ele deseja apresentar é uma história iluminada pela fé no mistério da Paixão e Ressurreição do Senhor Jesus. O seu livro é um Evangelho, uma história santa, uma obra que apresenta a Boa-Nova da salvação centrada na pessoa de Jesus Cristo.

O esquema geral do seu Evangelho é o mesmo que se encontra em Mateus e em Marcos: uma introdução, a pregação de Jesus na Galileia, a sua viagem para Jerusalém, a Paixão e Ressurreição como cumprimento final da sua missão.

A construção literária é elaborada com cuidado e reflecte grande sensibilidade, procurando salientar os tempos e lugares da História da Salvação e pondo em evidência a projecção existencial do projecto evangélico.

Tradicionalmente é representado acompanhado por um touro.