A página da Paróquia de São Francisco Xavier vai apresentar diariamente textos para reflexão neste período conturbado da pandemia.
O texto de hoje é tirado da Exortação Apostólica Cristo Vive, do Papa Francisco.

Gestos e ajuda concreta

Não podemos ser uma Igreja que não chora à vista dos dramas dos seus filhos jovens. Não devemos jamais habituar-nos a isto, porque, quem não sabe chorar, não é mãe.

Queremos chorar para que a própria sociedade seja mais mãe, a fim de que, em vez de matar, aprenda a dar à luz, de modo que seja promessa de vida. (…) Esta dor não passa, acompanha-nos, porque não se pode esconder a realidade.

A pior coisa que podemos fazer é aplicar a receita do espírito mundano, que consiste em anestesiar os jovens com outras notícias, com outras distracções, com banalidades.

Talvez «aqueles de nós que levamos uma vida sem grandes necessidades não saibamos chorar. Certas realidades da vida só se vêem com os olhos limpos pelas lágrimas. (…)
Procura aprender a chorar pelos jovens que estão pior do que tu. A misericórdia e a compaixão também se manifestam chorando. Se o pranto não te vem, pede ao Senhor que te conceda derramar lágrimas pelo sofrimento dos outros. Quando souberes chorar, então serás capaz de fazer algo, do fundo do coração, pelos outros.

Às vezes o sofrimento dalguns jovens é dilacerante, um sofrimento que não se pode expressar com palavras, um sofrimento que nos fere como um soco. Estes jovens só podem dizer a Deus que sofrem muito, que lhes custa imenso continuar para diante, que já não acreditam em ninguém. Mas, neste grito desolador, fazem-se ouvir as palavras de Jesus: «Felizes os que choram, porque serão consolados».
Há jovens que conseguiram abrir caminho na vida, porque lhes chegou esta promessa divina.
Junto de um jovem atribulado, possa haver sempre uma comunidade cristã para fazer ressoar aquelas palavras com gestos, abraços e ajuda concreta!

Vemos como certa publicidade ensina as pessoas a estar sempre insatisfeitas, contribuindo assim para a cultura do descarte, onde os próprios jovens acabam transformados em material descartável.
A cultura actual promove um modelo de pessoa estreitamente associado à imagem do jovem. Sente-se belo quem se apresenta jovem, quem realiza tratamentos para cancelar as marcas do tempo. Os corpos jovens são constantemente usados na publicidade comercial.
O modelo de beleza é um modelo juvenil, mas estejamos atentos porque isto não é um elogio para os jovens. Significa apenas que os adultos querem roubar a juventude para si mesmos, e não que respeitam, amam e cuidam dos jovens.

Alguns jovens sentem as tradições familiares como opressivas e abandonam-nas sob a pressão duma cultura globalizada que às vezes os deixa sem pontos de referência.
Entretanto, noutras partes do mundo, entre jovens e adultos não há um verdadeiro e próprio conflito geracional, mas um alheamento recíproco.

Por vezes, os adultos não procuram ou não conseguem transmitir os valores basilares da existência ou então assumem estilos próprios dos jovens, transtornando o relacionamento entre as gerações. Assim, a relação entre jovens e adultos corre o risco de se deter no plano afectivo, sem tocar a dimensão educativa e cultural.
Quanto dano faz isto aos jovens, embora alguns não se dêem conta!