A página da Paróquia de São Francisco Xavier vai apresentar diariamente textos para reflexão neste período conturbado da pandemia.
O primeiro texto reproduz parte da homilia do Papa Francisco, na Missa celebrada em Santa Marta.

O nosso Deus é próximo, e pede-nos para que sejamos próximos uns dos outros. Não nos distanciemos entre nós, neste momento de crise por causa da pandemia que estamos a viver. Esta proximidade [divina] pede que seja mais manifestada, que seja mais mostrada.

E se é preciso lavar muitas as vezes as mãos para evitar a propagação do vírus, esse é o comportamento que deve ser recusado quando se trata de assumir a responsabilidade e o cuidado pelos doentes e por aqueles que, com receio de serem focos de contaminação, são marginalizados.

Não podemos aproximar-nos fisicamente por causa do medo de contágio, mas podemos despertar em nós uma atitude de proximidade entre nós, com a oração, com a ajuda, tantos modos de vizinhança.

E porque é que devemos ser próximos uns dos outros? Porque o nosso Deus é próximo, quis acompanhar-nos na vida, é o Deus da proximidade. Por isso, nós não somos pessoas isoladas, somos próximos, porque a herança que recebemos do Senhor é a proximidade.

Uma coisa que chama a atenção na primeira leitura bíblica de hoje é o modo como Deus dá a lei: Não se trata de prescrições de um governante que pode estar distante, ou de um ditador, mas manifesta uma atitude de «proximidade», paterna, de pai que acompanha, que caminha com o seu povo.

A humanidade não está perante um Deus que deixa as prescrições escritas e Se vai embora.
Pelo contrário, a primeira resposta do ser humano consiste em duas atitudes de não-proximidade: A nossa resposta é sempre de afastamento, afastamo-nos de Deus. Ele faz-se próximo, e nós distanciamo-nos.

Com efeito, logo no primeiro livro da Bíblia, o Génesis, Adão e Eva, imagens da identidade profunda do ser humano de todos os tempos, escondem-se da proximidade de Deus, têm vergonha, porque pecaram, porque o pecado motiva uma atitude de ocultação, de não querer proximidade.

Muitas vezes faz-se uma teologia pensada apenas no juízo. A segunda atitude humana à proposta de proximidade de Deus é matar o irmão, como também é narrado nas primeiras páginas do Génesis, com o homicídio de Abel por parte de Caim; este, interrogado por Deus, responde, revelando afastamento: «Eu não sou guardião do meu irmão».
São duas atitudes que eliminam toda a proximidade. O homem recusa a proximidade de Deus. Quer ser o dono das relações. E a proximidade traz sempre consigo algumas debilidades, Deus próximo faz-Se fraco, e quando mais próximo Se faz, mais fraco parece.

Ao fazer-Se ser humano, Jesus faz-Se fraco, e leva essa fraqueza até à morte, e a morte mais cruel, a morte dos assassinos, a morte dos maiores pecadores.

A proximidade humilha Deus. Ele humilha-Se para ser connosco, para caminhar connosco. O Deus próximo fala-nos de humildade. Não é um Deus grande, não, é próximo, é de casa, que aos discípulos ensina, corrige, com amor.

Peçamos ao Senhor a graça de sermos próximos uns dos outros. Não nos escondermos uns dos outros. Não lavemos as mãos, como fez Caim.