A página da Paróquia de São Francisco Xavier vai apresentar diariamente textos para reflexão neste período conturbado da pandemia.
O texto de hoje é um conselho do Papa Francisco para o fim-de-semana.

Conselho para o fim-de-semana

Papa Francisco, 09 de Junho de 2017

Um conselho para este fim-de-semana: são necessários apenas quinze minutos para o ler inteiramente, mas vale a pena fazê-lo, porque o livro de Tobias nos ensina a comportar-nos no caminho da vida, quer nos muitos momentos bons quer nos muitos momentos maus.

E ensina-nos também a discernir, para não nos deixarmos enganar pelos «fogos de artifício» mas nem sequer pelo desespero mais tenebroso, que deve ser enfrentado recorrendo à oração, à paciência e à esperança.
Proponho as histórias paralelas dos personagens bíblicos de Tobit e Sara — sogro e nora apresentados no livro de Tobias — sugerindo à luz de tais vicissitudes um exame de consciência pessoal.

A Bíblia é a palavra de Deus, e Deus fala-nos quando lemos ou meditamos a Bíblia, nestes dias, até amanhã, a liturgia nos leva a reflectir sobre o livro de Tobias: uma história que, diria, é normal, como a história de muitas pessoas. Mas é sobretudo a história de duas pessoas: de Tobit, pai de Tobias, e de Sara. É a história de um sogro e de uma nora, uma história que nos faz meditar. E seria bom se cada um de nós pegasse no livro de Tobias, hoje ou neste fim de semana — é breve, lê-se em pouco tempo, em quinze minutos — e visse como o Senhor faz progredir a história, leva em frente a vida das pessoas, inclusive a nossa.

Nestas duas pessoas — vejamos Tobit e Sara, sogro e nora — há bons momentos, momentos bonitos, como em cada vida. Antes de tudo, há maus momentos: Tobit é perseguido, escarnecido, ultrajado e até insultado pela sua esposa Ana, que certamente não era uma mulher maldosa, trabalhava para governar a casa porque ele era cego, tornou-se cego. É um momento mau que não se explica. E assim tanto Ana como Sara sofriam, porque também ela foi insultada e não obstante fosse muito jovem, até queria enforcar-se. Nestes maus momentos, ambas pediram a morte: fê-lo o próprio Tobit, constatando que tudo era negativo, obscuro, escuro.

Todos nós passamos por momentos maus, duros: não tão fortes como este, mas sabemos como se sente num momento obscuro, de dor, na hora das dificuldades. Mas Sara pensa: “se eu me enforcar, farei sofrer os meus pais?”; pára e reza. Por sua vez, Tobit diz: “esta é a minha vida, vamos em frente” e reza.
Exactamente esta é a atitude que nos salva nos maus momentos: a oração. Assim como a paciência, porque ambos são pacientes com a própria dor. E inclusive a esperança de que Deus nos ouça e faça passar estes maus momentos. E assim na hora da tristeza, pouca ou muita, nos maus momentos, nunca devemos esquecer de recorrer à oração, paciência e esperança.

Mas há também bons momentos na história destes dois. E com efeito a sua história, como ouvimos, acaba bem. Sem dúvida, não é o “happy ending” de um romance, isto não. Mas é um bom momento: após a provação, o Senhor aproxima-se deles e salva-os. Portanto, há bons momentos, autênticos, como este: não aqueles momentos com uma beleza postiça, onde tudo é artificial, um fogo de artifício, mas não é a beleza da alma. E o que fazem ambos nos bons momentos? Agradecem a Deus, alargam o coração na prece de acção de graças.

A atitude de Tobit e Sara sugeriu-me a ocasião para propor um exame de consciência pessoal. Questiono-me, perguntemo-nos todos: nos maus e bons momentos, sei discernir o que acontece na minha alma, sei entender o que sucede? E nos maus momentos, sei que é a cruz, e que não há explicação, ainda que pareça uma maldição?.

Exactamente naqueles momentos consigo rezar, ter paciência, ter pelo menos um pouquinho de esperança?.
E ainda: Nos bons momentos, deixo entrar a alegria no coração, mas aquela alegria que vem de Deus, que te leva a dar graças a Deus, ou caio na vaidade e acho que a vida é totalmente assim? Hoje é assim e amanhã será de outro modo, não?.

É uma realidade que a nossa vida caminha entre maus e bons momentos, mas nela o Senhor está sempre presente. E, com o exame de consciência, sei discernir a presença do Senhor, dirigir-me a Ele na oração? E depois no louvor, nos bons momentos, no louvor da alegria, dou graças por aquilo que Ele fez?

Neste fim-de-semana, peguem na Bíblia e procurem o livro de Tobias. Esta história ensina-nos a comportar-nos no caminho da vida, com muitos momentos bons e maus, e ensina-nos também a discernir. Com efeito, Sara aprendeu, fez um discernimento: “É melhor que eu não me enforque porque isto causaria uma grande dor aos meus pais”.

E assim também Tobit compreendeu que devia aguardar na oração, na esperança, a salvação do Senhor.
Ao mesmo tempo nós, enquanto neste fim-de-semana lermos este livro, peçamos a graça de saber discernir o que acontece nos maus momentos da nossa vida e como ir em frente, e o que sucede nos bons momentos, sem nos deixarmos enganar pela vaidade.