Caríssimos paroquianos de São Francisco Xavier
O fecho das nossas igrejas, com a impossibilidade de participar presencialmente na Santa Missa, e também a suspensão de todas as reuniões e actividades paroquiais, devido à pandemia do Covid 19, criou uma inesperada distância física entre todos nós, que nos causa grande sofrimento e muita saudade!
Queremos, porém, superar esta distância física com um mais intenso sentido de pertença à Igreja Católica, peregrina e sofredora no mundo inteiro, e em particular à nossa paróquia de São Francisco Xavier.
Queremos intensificar – e de certeza que já o estamos a fazer – os laços espirituais que nos unem uns aos outros – sempre em união com o Papa, com o Senhor Cardeal Patriarca, com os sacerdotes ao serviço de todos e com cada um dos grupos, movimentos e serviços que são a expressão da fé e da caridade de toda a paróquia.
Esta união invisível, espiritual, mas sentida e “sofrida”, exprime-se de muitas maneiras.
A primeira de todas é a oração: peço que, na oração pessoal, em particular no Terço diário, cada um tenha pelo menos um momento para rezar pela paróquia e por todos os paroquianos, e em especial pelas famílias, pelos doentes, pelos nossos idosos, e por todos os que possam ter sido atingidos pela pandemia e eventualmente estejam hospitalizados ou em tratamento. Pedimos também pelas crianças e jovens, que estão em casa, pelos pais que os acompanham, e também pelos avós que se encontrem privados de verem e de estarem com os netos. E ainda por todos os que, no âmbito geográfico da paróquia, possam ter morrido, por efeito do Covid 19, e por todos os que, no mundo inteiro, e em número tão devastador, esta pandemia arrebatou da vida, para que sejam acolhidos pela misericórdia de Deus, no Reino da vida sem fim.
A segunda é união espiritual com a celebração da Santa Missa, em que, todos os dias, tanto o Sr. Pe. António Borges como eu, vos temos a todos presentes. Mesmo sem fiéis, a Missa tem um valor infinito, quanto aos seus fins de adoração e de acção de graças, e um valor imenso quanto aos seus fins de súplica e reparação, que estão dependentes das nossas disposições. Há muitas transmissões da Missa, a que todos podem unir-se, e haverá muitas oportunidades, ao longo do dia, de fazer, não só uma, mas muitas comunhões espirituais, que antecipam e preparam a comunhão sacramental, quando esta puder de novo ser feita.
Convido-vos em particular a uma intensa união espiritual com as celebrações do Tríduo Pascal – a Missa Vespertina da Ceia do Senhor, em Quinta-Feira Santa; a Comemoração da Paixão do Senhor, em Sexta Feira Santa; a Vigília Pascal na Noite de Sábado Santo; e o Domingo de Páscoa – que vão realizar-se nos horários previstos, na nossa igreja paroquial. A vossa presença física não será possível, mas a sintonia interior poderá ser plena e total, e assim cresceremos todos na união com Deus, pela celebração da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor, e pela união de fé e caridade que é fruto dessa mesma celebração.
Em terceiro lugar, não posso deixar de apelar também, como vosso pároco, à generosidade de todos, para que, pelos meios divulgados no nosso site, ajudem a mitigar os efeitos da privação dos contributos que habitualmente são recolhidos nos ofertórios das missas, e que são indispensáveis para a amortização da dívida contraída com a construção da Igreja Paroquial e para os encargos fixos que se mantêm mesmo nas presentes circunstâncias.
Por fim, peço que continuamente façamos nossa esta súplica que recentemente, em Fátima, se elevou ao “Coração de Jesus Cristo, médico das almas, elevado no alto da cruz e tocado pelos dedos dos discípulos no íntimo do Cenáculo”:
“Nesta singular hora de sofrimento, ampara as crianças, os anciãos e os mais vulneráveis, conforta os médicos, os enfermeiros, os profissionais de saúde e os voluntários cuidadores. Fortalece as famílias, e reforça-nos na cidadania e na solidariedade, sê a luz dos moribundos, acolhe no teu reino os defuntos, afasta de nós todo o mal e livra-nos da pandemia que nos atinge. (…) Nesta singular hora de sofrimento, acolhe os que perecem, dá alento aos que a Ti se consagram e renova o universo e a humanidade. Ámen”.
Peçamos, pois, a Deus, que passe quanto antes esta tremenda provação que se abateu sobre toda a humanidade, e que dela possamos sair convertidos, purificados, com uma fé mais intensa, com mais desejos de santidade e de apostolado, com um grande amor pela Igreja de Cristo, e com mais obras de verdadeira caridade para com todos, em especial os mais frágeis e carenciados deste mundo.
Com grande amizade em Cristo e a minha oração por todos
Cón. José Manuel dos Santos Ferreira
Pároco de São Francisco Xavier