Uma Busca Divina

Neste Domingo de Páscoa, somos desafiados a viver a mesma inquietação, a mesma busca, não desesperada, mas cheia de esperança, não simplesmente humana, mas divina, que o Evangelho nos leva a reconhecer em Maria Madalena.
Ela foi “de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro, e viu a pedra retirada do sepulcro”.
A Sequência Pascal convida-nos a interrogar Maria sobre o sentido do seu gesto:
Diz-nos, Maria,
Que viste no caminho?
E ela responde:
Vi o sepulcro de Cristo vivo,
e a glória do ressuscitado.
Vi o testemunho dos Anjos,
Vi o sudário e a mortalha.
Ressuscitou Cristo, minha esperança
Precederá os seus discípulos na Galileia.

A Páscoa é um desafio a não nos habituarmos a uma vida banal, a uma vida em que só contam os bens materiais.

A Páscoa é um desafio a rejeitarmos uma vida sem sentido e de horizontes fechados, e desejarmos uma vida plena, santa, fiel.

A Páscoa é um desafio a não nos habituarmos a viver sem Deus, a não acharmos normal a morte, o mal, o pecado.

A Páscoa é um convite a procurar Jesus onde Ele está à nossa espera: em todos os momentos da vida, e em especial na graça do Baptismo que nos tornou filhos de Deus, na oração sempre desejada, constante e perseverante, no perdão dos pecados e no Pão santíssimo da Eucaristia, e também na vida corrente, no trabalho profissional, nas alegrias e desafios da vida de família, na participação na vida cívica e política, e na atenção aos outros, com a mesma sensibilidade do Coração de Cristo.

A Páscoa é um hino à vida, não inspirado por um entusiasmo passageiro, mas pela firmeza da fé na ressurreição de Jesus, que os Apóstolos nos testemunham, e que o Espírito Santo gravou a fogo nos nossos corações.

Cantamos também na Sequência Pascal:
A morte e a vida
Travaram um combate admirável:
Depois de morto,
Vive e reina o autor da Vida.

Hoje, Domingo de Páscoa, pedimos para nós, para todos os cristãos e para todos os homens, a ânsia e a pressa de Pedro e do outro discípulo, que os levou ao túmulo de Jesus, que estava aberto e vazio, como testemunho silencioso de uma grande vitória, e que os conduziu à fé, mesmo ainda antes de verem com os seus olhos Jesus ressuscitado.
É preciso vencer a rotina, superar os limites de uma vida cristã simplesmente correcta ou tradicional, para viver um amor profundo, um desejo forte e vibrante de ver Jesus.

Que a Virgem Maria nos obtenha este desejo, e a graça de o realizarmos nesta vida, e um dia, plenamente, no Céu.
Sabemos e acreditamos:
Cristo ressuscitou dos mortos:
Ó Rei Vitorioso,
Tende piedade de nós. Amen.

O Prior de São Francisco Xavier
Cón. José Manuel dos Santos Ferreira