Quem nos pode salvar?

Cónego José Manuel dos Santos Ferreira

 A vinda de Jesus ao mundo não foi uma decisão humana. Foi Deus que assim o quis, numa decisão absolutamente livre e movida apenas pela sua misericórdia. E a prova disso é a concepção virginal de Jesus no seio de sua Mãe, Santa Maria.

O Evangelho de S. Mateus declara que Jesus foi concebido “por virtude do Espírito Santo” no seio de Maria. E quando S. José, esposo de Maria, tomou a decisão de se afastar, para não interferir com o mistério divino, que já tinha começado a pressentir, foi então que ouviu nitidamente a voz do mensageiro de Deus, no seu coração: “José, Filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que nela se gerou é fruto do Espírito Santo”.
S. José foi um servo fiel: fez “como o Anjo do Senhor lhe ordenara, e recebeu sua esposa”. Mais tarde revelou grande valentia e fortaleza, mas a sua primeira virtude foi a fé, e com ela a obediência a Deus.

Este anúncio do nascimento de Jesus tem a frescura de uma fonte que jorra do mais profundo segredo da montanha, e tem o encanto límpido da manhã, quando nasce o sol. Parece que o mundo vai começar de novo…

E assim foi, na verdade, quando Jesus nasceu!
O mundo começou de novo. O Filho de Deus feito homem é o início de uma humanidade nova.
Jesus veio para renovar, veio para nos salvar.
A humanidade, sozinha, não se salva, passam os anos, passam os séculos, sucedem-se as gerações, e parece que os seres humanos estão sempre a recair nos mesmos erros, nos mesmos pecados: com novas expressões e muitas vezes mais sofisticados, mas, no fundo, os mesmos.

Quem nos pode salvar?
Só Jesus, que nos traz o amor do Pai, nos pode salvar! Daí o nome que recebe: “Jesus”, que significa:
“O Senhor salva”! Por isso, gostaríamos muito que todos os homens conhecessem Jesus, vivessem com Jesus, e experimentassem a sua salvação!

O Natal será dentro de poucos dias, e é preciso vivê-lo com a esperança de acolhermos a vida nova que Jesus nos veio dar.
Vamos celebrar o Natal como quem respira o ar puro de uma nova manhã.

É importante que, quem ainda não o tiver feito, olhe para a sua vida, veja o que nela está mal, o que nela não é digno de acolher Jesus, e não deixe de se confessar, para receber o perdão de Deus.
É tão bom poder começar de novo!

E que todos nos decidamos a ser melhores, mais justos, mais puros, mais amigos, mais solidários, e não só por umas horas, nem por uns dias apenas, mas em cada instante da vida, porque Jesus é o Emanuel, Deus connosco, e nunca nos deixa sós.

“Emanuel, Deus connosco”: Isaías anunciou que seria dado este nome ao menino que estava para nascer, e S. Mateus declara que este Menino é Jesus, Filho de Deus, que a Virgem Mãe gerou e deu à luz. É Ele o verdadeiro Emanuel, “Deus connosco”.
E de facto o Evangelho de S. Mateus terminará com esta solene promessa de Jesus, que, depois da sua morte e ressurreição, poderá dizer com toda a verdade: “Eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos” (Mateus 28, 20).

A Igreja é o espaço desta presença incessante de Jesus, “Deus connosco”, e por isso a Igreja é o instrumento do encontro de todos e de cada um com Cristo. Mas também num plano mais pessoal ou individual, é tão diferente viver com Jesus ou sem Ele!

A Jesus, Filho de Deus feito homem, Emanuel, Deus connosco, gostaria de pedir hoje que, neste próximo Natal, esteja com todos os doentes e com todos os que sofrem, para que ofereçam os seus sofrimentos pela salvação do mundo.
Peço pelas vítimas da guerra, especialmente na Ucrânia, para que o novo ano lhes devolva a paz; pelas famílias em dificuldade, para que se unam ainda mais.

E peço também, de modo especial pelas crianças e pelos jovens, para que o seu coração não se torne egoísta, e o horizonte dos seus sonhos não se torne pequeno nem mesquinho, mas tenha a grandeza do amor do Coração de Cristo.

Peço ainda pelos casais, para que a sua vida seja um sinal do amor do próprio Jesus pela Igreja.

Peço pelas pessoas solteiras e pelas viúvas, para que sejam generosas. Peço pelos namorados, para que cresçam interiormente. Peço pelos que dedicaram a Deus a sua vida, para que sejam muito alegres, e pelos sacerdotes, para que sejam um instrumento eficaz para a santificação e salvação de todos.

E peço pelos que não O conhecem: como seria bom que, neste Natal, os seus olhos se iluminassem com a luz da fé!

Que a Mãe de Jesus, Santa Maria, Nossa Senhora, nos sorria e nos atraia ao presépio, para oferecermos ao Filho de Deus, o nosso coração e a nossa vida inteira, e espalharmos à nossa volta, neste Natal, a alegria e a esperança de sermos salvos dos nossos pecados e podermos assim começar de novo.

São estes os votos que formulo com amizade a todos os paroquianos, às vossas famílias e a quantos vos são queridos.

Bom Natal a todos vós!