Domingo XXIX do Tempo Comum (PDF)     TEXTO

Qual é a missão da Igreja?

Duccio Buoninsegna, Jesus e a Samaritana

Propagar no mundo a chama da fé, que Jesus acendeu no mundo:
a fé em Deus que é Pai, Amor e Misericórdia.

O método da missão cristã não é do proselitismo,  mas da chama compartilhada que aquece a alma.

Papa Francisco, ANGELUS, 20 de Outubro de 2013

 

 

 

 

Rezar continuamente

Marcos, o Asceta, hegúmeno na Ásia Menor

Em todas as coisas, reza continuamente, pois nada podes fazer sem a ajuda de Deus.
Nada é tão poderoso como a oração para nos dar a energia divina. E nada é tão útil como ela para nos obter a benevolência de Deus.

A prática dos mandamentos está toda contida na oração. Pois não há nada mais elevado que o amor de Deus.

A oração sem distracções é um sinal de amor a Deus naquele que persevera. A negligência e a distracção quando se reza denunciam amor ao prazer.
Aquele que, sem dificuldade, vela, perserva e reza recebe visivelmente o Espírito Santo.

Mas aquele que faz tudo isso com dificuldade e mantém a sua resolução também é atendido sem demora. […] Se queres fazer um favor a alguém que gosta de aprender, mostra-lhe a oração, a fé recta e a paciência na provação. É com estas três virtudes que se obtêm os restantes bens. […]

Foge à tentação pela paciência e a oração.
Se pensares em combatê-la sem estas virtudes, voltarás a ser atacado por ela. […] Tudo o que possamos dizer ou fazer sem a oração torna-se perigoso ou inútil. […]

Temos de procurar a morada interior de Cristo, dado que somos morada de Deus, e, pela oração, perseverar em bater à sua porta (cf Mt 7,7), a fim de que, agora ou na hora da nossa morte, o Senhor nos abra e não nos diga como a homens negligentes: «Não sei de onde sois» (Lc 13,25).

E temos, não somente de pedir e receber, mas de guardar aquilo que nos foi dado.
Pois há quem perca depois de ter recebido.

Uma vida de oração

Santa Teresa Benedita da Cruz, A oração da Igreja

Todas as almas humanas são, em si mesmas, templos de Deus; e este facto abre-nos uma perspectiva vasta e completamente nova.
A vida de oração de Jesus é a chave para compreendermos a oração da Igreja.

Vemos que Cristo participou no culto divino, na liturgia do seu povo; levou a liturgia da Antiga Aliança a completar-se na da Nova Aliança.
Mas Jesus não se limitou a participar no culto divino público prescrito pela Lei.

Os evangelhos fazem referências ainda mais numerosas à sua oração solitária no silêncio da noite, nos cumes selvagens das montanhas, em locais desertos. Quarenta dias e quarenta noites de oração precederam a vida pública de Jesus (Mt 4, 1-2).

Retirou-Se para a solidão da montanha para orar antes de escolher os doze apóstolos e de os enviar em missão.

Na hora do Monte das Oliveiras, preparou-Se para subir ao Gólgota. O grito que lançou ao Pai nessa hora, a mais dolorosa da sua vida, é-nos revelado em breves palavras, que brilham como estrelas nas nossas próprias horas no Monte das Oliveiras: ‘Pai, se quiseres, afasta de Mim este cálice, não se faça, contudo, a minha vontade, mas a tua’ (Lc 22, 42).

Elas são uma espécie de clarão que ilumina para nós, durante um instante, a vida mais íntima da alma de Jesus, o mistério insondável do seu ser de homem-Deus e do seu diálogo com o Pai. Este diálogo durou certamente toda a vida, sem nunca se interromper.

 

A validade permanente do mandato missionário

João Paulo II, excerto da encíclica Redemptoris Missio

Fra Angelico, Sermão de Pedro

A Igreja deve ser fiel a Cristo, já que é o seu Corpo e continua a sua missão.

É necessário que ela «caminhe pela mesma via de Cristo, via de pobreza, obediência, serviço e imolação própria até à morte, da qual Ele saiu vitorioso pela sua ressurreição».

A Igreja, portanto, tem o dever de fazer todo o possível para cumprir a sua missão no mundo e alcançar todos os povos; e tem também o direito, que lhe foi dado por Deus, de levar a termo o seu plano.

A liberdade religiosa, por vezes ainda limitada e cerceada, é a premissa e a garantia de todas as liberdades que asseguram o bem comum das pessoas e dos povos. É de se auspiciar que a autêntica liberdade religiosa seja concedida a todos, em qualquer lugar, e para isso a Igreja se empenha a fim de que tal aconteça nos vários Países, especialmente nos de maioria católica, onde ela alcançou uma maior influência.

Não se trata porém, de um problema de maioria ou de minoria, mas de um direito inalienável de toda a pessoa humana.

Por outro lado, a Igreja dirige-se ao homem no pleno respeito da sua liberdade: a missão não restringe a liberdade, pelo contrário, favorece-a. A Igreja propõe, não impõe nada: respeita as pessoas e as culturas, detendo-se diante do sacrário da consciência Aos que se opõem com os mais diversos pretextos à actividade missionária, a Igreja repete: Abri as portas a Cristo!

A época em que vivemos é, ao mesmo tempo, dramática e fascinante. Se por um lado, parece que os homens vão no encalço da prosperidade material, mergulhando cada vez mais no consumismo materialista, por outro lado, manifesta-se a angustiante procura de sentido, a necessidade de vida interior, o desejo de aprender novas formas e meios de concentração e de oração.

Não só nas culturas densas de religiosidade, mas também nas sociedades secularizadas, procura-se a dimensão espiritual da vida como antídoto à desumanização. Este fenómeno, denominado «ressurgimento religioso», não está isento de ambiguidade, mas traz com ele também um convite.

A Igreja tem em Cristo, que se proclamou «o Caminho, a Verdade e a Vida» (Jo 14, 6), um imenso património espiritual para oferecer à humanidade. É o caminho cristão que leva ao encontro de Deus, à oração, à ascese, à descoberta do sentido da vida. Também este é um areópago a evangelizar.

Arquivo de Folhas Informativas anteriores a 25.11.2018