Santíssima Trindade (PDF) TEXTO

Rublev, Santíssima Trindade
A festa de hoje convida-nos a deixarmo-nos fascinar mais uma vez pela beleza de Deus; beleza, bondade e verdade inesgotável.
Mas também humilde, próxima, que Se fez carne para entrar na nossa vida, na nossa história, para que cada homem e mulher possa encontrá-la e ter a vida eterna. E isto é fé: acolher a Deus-Amor que Se doa em Cristo, deixar-se encontrar por Ele e confiar n’Ele.
Esta é a vida cristã. Amar, encontrar Deus, procurar Deus; e Ele nos procura primeiro, Ele nos encontra primeiro
Papa Francisco, 2020
Trindade: Deus é comunhão, vínculo, abraço
Ermes Ronchi , In Avvenire
Os nomes de Deus sobre o monte são um mais belo do que o outro: o misericordioso e piedoso, o lento para a ira, o rico de graça e de fidelidade. Moisés subiu com esforço, duas tábuas na mão, e Deus desconcerta-o e a todos os moralistas, escrevendo naquela rígida pedra palavras de ternura e de bondade.
Que chegam até Nicodemos, naquela noite de renascimento. Deus amou tanto o mundo, que lhe deu o seu Filho. Estamos no versículo central do Evangelho de João, num espanto que renasce sempre perante palavras boas como o mel, tonificantes como uma caminhada junto ao mar, entre salpicos de mar e ar bom respirado a plenos pulmões: Deus amou tanto o mundo… e a noite de Nicodemos, e as nossas, iluminam-se.
Jesus está a dizer ao fariseu medroso: o nome de Deus não é amor, é “muito amor”, Ele é “o muito-amante”. Deus, pela eternidade, considera o mundo mais importante que Ele próprio. Para me adquirir, perdeu-Se a Si mesmo. Loucura da cruz. Insanidade de Sexta-feira Santa. Mas por nós renasce: cada ser nasce e renasce do coração de quem o ama.
Experimentemos saborear a beleza destes verbos no passado: Deus amou, o Filho foi dado. Dizem, não uma esperança, mas um facto seguro e adquirido: Deus já está aqui, impregnou de Si o mundo e o mundo d’Ele está embebido
Deus já veio, está no mundo, aqui, agora, com muito amor. E repitamo-nos estas palavras a cada despertar, a cada dificuldade, de cada vez que perdemos a confiança e se faz noite.
O Filho não foi enviado para julgar. Que palavra explosiva, a repetir setenta vezes sete à nossa fé amedrontada! Eu não julgo, nem para sentenças de condenação nem para veredictos de absolvição.
Salvar quer dizer alimentar de plenitude e, depois, conservar.
Deus conserva: este mundo e eu, cada pensamento bom, cada generosa fadiga, cada dolorosa paciência; nem um cabelo da vossa cabeça se perderá, nem sequer um fio de erva, nem sequer um fio de beleza desaparecerá no nada.
O mundo é salvo porque amado. Os cristãos não são aqueles que amam Deus, são aqueles que acreditam que Deus os ama, que pronunciou o seu «sim» ao mundo, antes que o mundo diga «sim» a Ele.
Festa da Santíssima Trindade: anúncio que Deus não é em si mesmo solidão, mas comunhão, vínculo, abraço. Que nos alcançou, e liberta, e faz erguer em voo uma pulsão de amor.
Os 7 dons do Espírito Santo
Papa Francisco, Maio 2017
O Catecismo da Igreja Católica diz que: “Os sete dons do Espírito Santo são: sabedoria, inteligência, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus. Completam e levam à perfeição as virtudes daqueles que os recebem”. Tornam os fiéis dóceis para obedecerem prontamente às inspirações divinas.
1. Dom de Ciência
Faz que o cristão penetre na realidade deste mundo sob a luz de Deus; vê cada criatura como reflexo da sabedoria do Criador e como caminho a Deus. Leva o homem a compreender o vestígio de Deus que há em cada ser criado. O homem foi feito para Deus e só n’Ele pode descansar, como disse Santo Agostinho. Por este dom o cristão reconhece o sentido do sofrimento e das humilhações no plano de Deus, que liberta e purifica o homem.
2. Dom do Entendimento / Inteligência
Ajuda a penetrar no íntimo das verdades reveladas por Deus e entendê-las. Por ele o cristão contempla os mistérios da fé. É um entendimento diferente daquele que o teólogo obtém pelo estudo, que é penoso e lento. É eficaz mesmo sem estudo; é dado aos pequeninos e ignorantes, desde que tenham grande amor a Deus. Por esse dom conhecemos os nossos pecados e a nossa miséria. Os santos, quanto mais se aproximaram de Deus, mais tiveram consciência do seu pecado ou da sua distância de Deus.
3. Dom da Sabedoria
Dá um conhecimento da verdade revelada por Deus. Abrange todos os conhecimentos do cristão e os põe sob a luz de Deus, mostra a grandeza do plano do Criador e a sua omnipotência. Vem da intimidade com o Senhor.
4. Dom do Conselho
Permite ao cristão tomar as decisões oportunas nas horas difíceis da vida, para que se comporte como verdadeiro filho de Deus. Isso, às vezes, exige coragem. Por ele o Espírito Santo inspira a maneira correcta de agir no momento oportuno. “Todas as coisas têm o seu tempo, e tudo o que existe debaixo dos céus tem a sua hora”; fora desse momento preciso, o que é oportuno pode tornar-se inoportuno; nem sempre é fácil discernir se é oportuno falar ou calar, ficar ou partir, dizer “sim” ou dizer “não”.
5. Dom da Piedade
Orienta todas as relações que temos com Deus e com o próximo. O Espírito Santo, mediante o dom da piedade, nos faz, como filhos adoptivos de Deus, reconhecer Deus como Pai. E, por esse facto, consideramos as criaturas com olhar novo. Este dom leva-nos a considerar o facto de que Deus é sumamente santo e sábio. É o dom que leva os santos a desejar, acima de tudo, a honra e a glória de Deus. É também o que desperta no cristão a inabalável confiança em Deus Pai. Este dom leva o cristão a ver o outro como irmão e a amá-lo como filho de Deus.
6. Dom da Fortaleza
Dá força para a fidelidade à vida cristã, cheia de dificuldades. Jesus disse que “o Reino dos céus sofre violência dos que querem entrar, e violentos se apoderam dele”. Por ele o Espírito Santo nos dá a coragem necessária para a luta diária contra nós mesmos, nossas paixões e problemas, com paciência, perseverança, coragem e silêncio. Dá-nos forças além das naturais. Esta força divina transforma os obstáculos em meios e dá-nos a paz mesmo nas horas mais difíceis.
7. Dom do Temor
Leva-nos a amá-Lo tão profundamente que tenhamos receio de ofendê-Lo. Nada tem a ver com o temor do mercenário ou o temor do castigo (do escravo); mas é o temor do amor do filho. É a rejeição que o cristão experimenta diante da possibilidade de ofender a Deus; brota das entranhas do amor. Não há verdadeiro amor sem este tipo de temor. Medo de ofender o Amado. Pelo dom do temor de Deus a vitória é rápida e perfeita, pois é o Espírito que move o cristão a dizer “não” à tentação. Está ligado à virtude da humildade, que nos faz conhecer a nossa miséria, impede a presunção e a vã glória, e assim, nos torna conscientes de que podemos ofender a Deus; daí surge o santo temor de Deus. Liga-se também à virtude da temperança; combate a concupiscência e os impulsos desordenados do coração, para não ofender e magoar a Deus.