IV Domingo do Tempo Comum (PDF)  TEXTO

O tema da liturgia deste Domingo convida a reflectir sobre o “caminho do profeta”: caminho de sofrimento, de solidão, de risco, mas também caminho de paz e de esperança, porque é um caminho onde Deus está.

A liturgia de hoje assegura ao “profeta” que a última palavra será sempre de Deus: “não temas, porque Eu estou contigo para te salvar”.

Jeremias vai arrostar com todo o tipo de dificuldades; mas não desistirá de concretizar a sua missão e de tornar uma realidade viva no meio dos homens a Palavra de Deus.

Xavier 1208 O amor desinteressado e gratuito – a essência da vida cristã –.é um aviso ao “profeta” no sentido de se deixar guiar pelo amor e nunca pelo próprio interesse.

DEHONIANOS (adaptado)

 

No Caminho Sinodal

Dina Matos Ferreira

Foram já realizados na nossa Paróquia de São Francisco Xavier três encontros sinodais e as respectivas sínteses. Em todos os encontros, fica a certeza de que a sua concretização cumpre em si mesma o principal objectivo do movimento sinodal, o “pôr-se a caminho” para o encontro com o outro, percebendo nessa escuta os sinais inequívocos de Deus em cada existência humana.

Num tempo em que a privatização de fé parece ganhar terreno, somos lembrados de que a mesma precisa da comunidade para nascer, crescer e frutificar. Aliás, o processo de escuta neste caminho sinodal revela-nos com incrível clareza as inquietações, os sonhos, as memórias brilhantes de um povo itinerante, sempre em busca do rosto de Deus.

No despojamento que supõe o pôr-se a caminho (cujos frutos são tão mais intensos quanto maior a nossa disponibilidade interior), escutamos na voz do outro a condensação de todos os chamamentos, claríssimos e feitos de amor perseverante, por vezes cansado, mas nunca desistente.

Caminhar em conjunto com Cristo na Sua Igreja manifestou-se, nestes encontros, na alegria da fé partilhada, ou talvez mais do que isso, de um amor partilhado: um amor concreto, fresco, intenso, sonhador, por Aquele que nos reuniu na mesma Igreja e que nos deu uns aos outros para sermos companheiros de viagem.

Companheiros inopinados, diversos como sempre são os dons do Espírito, mas que efectivamente só Ele pode conduzir à unidade, mantendo esse padrão multiforme e riquíssimo, como sempre são os legados de Deus.

As sínteses produzidas, fruto do discernimento suscitado em cada encontro, traduzem esses gritos maiores, fruto de um momento histórico concreto, dos sonhos ainda por cumprir na nossa comunidade, em que cada um renova o seu “sim” e percebe que há efectivamente um caminho mais belo a percorrer, porque vai acompanhado.

O modelo proposto para os encontros sinodais, que entrecorta oração, escuta, silêncio e síntese, mostrou-se completamente adequado e surpreendentemente luminoso, dando a todos a percepção de não estarmos sós, cumprindo-se a promessa de Cristo: “Onde estiverem dois ou três reunidos em Meu nome, aí estou Eu no meio deles” (Mt 18, 20).

Cada participante nos encontros é estimulado a replicar o modelo noutros encontros nas respectivas redes de família/amigos/colegas, tentando abarcar um maior número de pessoas, numa diversidade multiforme: etária, socio-cultural e até religiosa.

Os encontros sinodais continuarão a ser realizados na nossa paróquia em Fevereiro e está também activo o link para a resposta a um inquérito online que pode ser encontrado no site da paróquia (aqui).

A oração faz nascer em nós a intuição do caminho de saída

Papa Francisco, audiência geral, 26 Janeiro 2022

Juan de Borgoña, Sonho de S. José

Na Bíblia, como nas culturas dos povos antigos, os sonhos eram considerados um meio pelo qual Deus Se revelava. O sonho simboliza a vida espiritual de cada um de nós, aquele espaço interior, que cada um é chamado a cultivar e a proteger, onde Deus Se manifesta e muitas vezes nos fala.

Dentro de cada um de nós não existe apenas a voz de Deus: existem muitas outras vozes. As dos nossos medos, experiências passadas, das esperanças; e há também a voz do maligno que nos quer enganar e confundir. Portanto, é importante ser capaz de reconhecer a voz de Deus no meio de outras vozes. José demonstra que sabe cultivar o silêncio necessário e tomar as decisões justas diante da Palavra que o Senhor lhe dirige interiormente.

Para entender como nos colocar diante da revelação de Deus, vejamos quatro sonhos relatados no Evangelho que têm José como protagonista.
No primeiro, o anjo ajuda José a resolver o drama que o aflige ao saber da gravidez de Maria, quando o anjo lhe apareceu em sonho e lhe disse para não ter medo de receber Maria como esposa. A resposta de José foi imediata, pois quando acordou fez conforme o Anjo do Senhor havia mandado.

Muitas vezes a vida coloca-nos diante de situações que não entendemos e parecem não ter solução. Muitas vezes é a oração que faz nascer em nós a intuição do caminho de saída, como resolver aquela situação. O Senhor nunca permite um problema sem nos dar também a ajuda necessária para enfrentá-lo. Quando nos faz ver um problema dá sempre a sua ajuda, a sua presença para o resolver.

O segundo sonho revelador de José ocorre quando a vida do menino Jesus está em perigo. Ele pega no menino Jesus e em sua mãe e fugiram para o Egipto onde ficaram até a morte de Herodes.
Na vida temos experiência de perigos que ameaçam a nossa existência ou a de quem amamos. Nessas situações, rezar significa escutar a voz que pode fazer nascer em nós a coragem de José para enfrentar as dificuldades sem sucumbir.

No Egipto, José espera de Deus o sinal para poder voltar para casa. Este é o conteúdo do terceiro sonho. O anjo revela-lhe que aqueles que queriam matar o menino morreram e ordena a José que retorne à sua pátria. Mas na viagem de volta, “quando soube que Arquelau reinava na Judeia, como sucessor de seu pai Herodes, teve medo de ir para lá”. Depois de receber um aviso em sonho, José partiu para a região da Galileia, e foi morar numa cidade chamada Nazaré. Esta é a quarta revelação.
O medo também faz parte da vida e também precisa da nossa oração. Deus não nos promete que não teremos medo, mas que, com sua ajuda, o medo não será o critério de nossas decisões.
José experimenta o medo, mas Deus guia-o através do medo. O poder da oração ilumina as situações sombrias.

Há muitas pessoas que são esmagadas pelo peso da vida e não conseguem mais esperar nem rezar. Que São José as ajude a abrir-se ao diálogo com Deus, para reencontrar luz, força e paz.
Há também pais diante de problemas dos filhos. Doentes, com doenças permanentes, com orientações sexuais diferentes… como lidar com isso e acompanhar os filhos e não se esconder no comportamento de condenação. Pais que vêem os filhos morrerem por causa de uma doença, e o mais triste, vemos todos os dias nos jornais, jovens que morrem em acidentes de carro. Pais que vêem os filhos não prosseguirem na escola.

Pensemos em como ajudá-los. A esses pais eu digo “Há muita dor, muita, mas pensem no Senhor, pensem em como José resolveu os problemas e peçam a José que os ajude”.

A oração nunca é um gesto abstracto ou intimista. A oração está sempre indissoluvelmente ligada à caridade. Somente quando unimos o amor à oração, amor pelo filho e pelo próximo, conseguimos compreender as mensagens do Senhor.

 

Sobre a Jornada Mundial da Juventude em Lisboa

Numa cultura que quer os jovens isolados e debruçados sobre mundos virtuais, façamos circular esta palavra de Jesus: “Levanta-te”.

É um convite a abrir-se para uma realidade que vai muito além do virtual.

Cristo não quer apossar-Se da liberdade pessoal, pelo que em cada pessoa é preciso um “sobressalto” que renuncie ao comodismo e abrace «paixões» e «sonhos»: Fazei-os sobressair e, através deles, proponde ao mundo, à Igreja, a outros jovens, algo de belo no campo espiritual, artístico e social.

Papa Francisco

 

Arquivo de Folhas Informativas anteriores a 25.11.2018