Domingo de Ramos (PDF)  TEXTO

Hippolyte Flandrin, Entrada de Jesus em Jerusalém

Montado num jumentinho, o filho de um carpinteiro e de uma mulher praticamente desconhecida, um galileu, apresenta-se como Aquele que concretiza a antiga profecia.

Ele é a proximidade do reino que todos anseiam, um reino de justiça e de paz, em oposição ao império dominante que se alimenta de injustiça e de violência.

Ele surge inequivocamente como o Messias.

No entanto, neste mundo, o seu reinado assemelha-se às folhas das palmeiras em dia de ramos..

P. Nélio Pita, CM

 

Traição e abandono

Papa Francisco, 5 Abril 2020

Desmond Ford, Jesus no Jardim das Oliveiras

O Senhor serviu-nos até ao ponto de experimentar as situações mais dolorosas para quem ama: a traição e o abandono.

A traição. Jesus sofreu a traição do discípulo que O vendeu e do discípulo que O renegou. Foi traído pela multidão que primeiro clamava hossana, e depois «seja crucificado!» (Mt 27, 22). Foi traído pela instituição religiosa que O condenou injustamente, e pela instituição política que lavou as mãos.

Pensemos nas traições, pequenas ou grandes, que sofremos na vida. É terrível quando se descobre que a confiança deposta foi burlada. No fundo do coração, nasce uma tal decepção que a vida parece deixar de ter sentido.

É assim, porque nascemos para ser amados e para amar, e o mais doloroso é ser traído por quem nos prometera ser leal e solidário. Não podemos sequer imaginar como terá sido doloroso para Deus, que é amor.

Olhemos dentro nós mesmos; se formos sinceros para connosco, veremos as nossas infidelidades. Tanta falsidade, hipocrisia e fingimento! Tantas boas intenções traídas! Tantas promessas quebradas! Tantos propósitos esmorecidos! O Senhor conhece melhor do que nós o nosso coração; sabe como somos fracos e inconstantes, quantas vezes caímos, quanto nos custa levantar e como é difícil sanar certas feridas.

E que fez Ele para nos ajudar, para nos servir? Aquilo que dissera através do profeta: «Curarei a sua infidelidade, amá-los-ei de todo o coração» (Os 14, 5). Curou-nos, tomando sobre Si as nossas infidelidades, removendo as nossas traições.

Assim nós, em vez de desanimarmos com medo de não ser capazes, podemos levantar o olhar para o Crucificado, receber o seu abraço e dizer: «Olha! A minha infidelidade está ali. Fostes Vós, Jesus, que pegastes nela. Abris-me os braços, servis-me com o vosso amor, continuais a amparar-me… Assim poderei seguir em frente!»

O abandono. Segundo o Evangelho de hoje, na cruz, Jesus diz uma frase, uma apenas: «Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonaste?» (Mt 27, 46). É uma frase impressionante. Jesus sofrera o abandono dos seus, que fugiram. Restava-Lhe, porém, o Pai. Agora, no abismo da solidão, pela primeira vez designa-O pelo nome genérico de «Deus». E clama, «com voz forte», «porquê», o «porquê» mais dilacerante: «Porque Me abandonaste também Tu?»

Na realidade, trata-se das palavras de um Salmo (cf. 22, 2), que nos dizem como Jesus levou à oração inclusive a extrema desolação. Mas, a verdade é que Ele a experimentou: experimentou o maior abandono, que os Evangelhos atestam reproduzindo as suas palavras originais.

 

Deus responde quando peço ajuda?


Lembra-te,
na cruz Jesus perguntou ao Pai porque O abandonava,
e depois disse-Lhe:
«Entre as tuas mãos, deponho o meu espírito».
Ao terceiro dia, Deus ressuscitou-O.

Nunca se acredita em Deus de uma vez por todas.
A fé é uma busca, um caminho pelo qual avançamos com outros crentes.

Sebastien Antoni, In Le Pèlerin

 

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