Domingo III do Tempo Comum (PDF) TEXTO
A JMJ É PARA OS CORAJOSOS!
Papa Francisco
Muitos jovens (…) fazem continuamente ‘photoshop’ das suas imagens, escondendo-se por trás de máscaras e identidades falsas, chegando quase a tornar-se, eles próprios, um ‘fake’, uma identidade falsa. Muitos têm a obsessão de receber o maior número possível de ‘gostos’. E daqui, desta sensação de desajustamento, surgem muitos medos e incertezas”, escreve o Papa Francisco, numa mensagem divulgada pelo Vaticano.
“É necessário abrir espaços nas nossas cidades e comunidades para crescer, sonhar, perscrutar novos horizontes”, acrescenta na mensagem a propósito da Jornada Mundial da Juventude, que decorre no Panamá.
A mensagem deixa aos jovens o desafio de “abrir de par em par” as portas das suas vidas, com “pessoas concretas, relações profundas”.
“Não deixeis, queridos jovens, que os fulgores da juventude se apaguem na escuridão duma sala fechada, onde a única janela para olhar o mundo seja a do computador e do smartphone”, adverte o pontífice.
Francisco admite que existe uma “perplexidade” face às decisões sobre o futuro, falando num mede “de fundo”, que é o de “não ser amados”.
O texto refere-se também à “precariedade” do trabalho, que condiciona os “sonhos” dos jovens, tanto crentes como não-crentes.
“Nos momentos em que se aglomeram no nosso coração dúvidas e medos, torna-se necessário o discernimento”, recomenda o Papa.
Neste processo, escreve, “o primeiro passo para superar os medos é identificá-los claramente”, evitando que se transformem em “fantasmas sem rosto nem consistência”.
“O trabalho de discernimento, depois de ter identificado os nossos medos, deve ajudar-nos a superá-los, abrindo-nos à vida e enfrentando serenamente os desafios que ela nos apresenta”, acrescenta a mensagem pontifícia.
Francisco sustenta que, para os cristãos, o medo “nunca deve ter a última palavra”.
“Na Sagrada Escritura, encontramos 365 vezes a expressão ‘não temer’, nas suas múltiplas variações, como se dissesse que o Senhor nos quer livres do medo todos os dias do ano”, observa o Papa.
O texto alude ainda à necessidade de discernir a própria vocação como um “chamamento do Alto”.
“À jovem Maria foi confiada uma tarefa importante, precisamente porque era jovem. Vós, jovens, tendes força, atravessais uma fase da vida em que certamente não faltam as energias”, refere o Papa.
Francisco apresenta Maria como exemplo de “amor solícito, dinâmico, concreto”.
A OPÇÃO DE JESUS
Pe. Nélio Pita
Há mistérios que só desvendamos «depois», num prolongado «mais tarde», quando já desistimos de reformular pela milésima vez a velha pergunta. Nesse dia, com uma nova serenidade, a resposta surge como dádiva, naturalmente, gratuitamente. Nesse dia, mesmo numa idade muito avançada, descobrimos que nascemos de novo.
Procuramos sempre. O tema foi revisto vezes sem fim, mas escapou-nos a chave da compreensão e a realidade misteriosa, a incógnita função – para quê? – ficou por desvendar. Noutro tempo, e só nesse tempo e num lugar indeterminado, tudo poderá ser revelado. Então encontraremos o sentido último e viveremos em paz.
Ao revisitar, uma e outra vez, o acontecimento da cruz, os discípulos do crucificado perceberam o significado do Baptismo, no rio Jordão, realizado anos antes, por João Baptista. No início da actividade pública, Jesus entrou na fila dos pecadores para assumir a culpa da humanidade.
Identificou-Se com os últimos desde o princípio. Depois caminhou com eles, foi acusado pelos “especialistas da religião” de estar associado a publicanos, de defender mulheres de má vida, de conviver com corruptos, de enaltecer a fé de não-judeus, de tocar o interdito, de fazer perguntas inoportunas e proferir heresias, de recuperar, enfim, os desfalecidos. Não perceberam. Morreu como um criminoso, ladeado por malfeitores, fora da cidade.
Aproximou-Se voluntariamente. Fê-lo por compaixão. E tornou-Se referência modelar, a forma perfeita a partir da qual o discípulo é chamado a (re)conformar-se continuamente. A atitude compassiva do mestre inspirou um grupo de homens. O seu efeito prolongou-se pela história e exerce ainda hoje o fascínio naqueles que o escutam.
Depois, nesse indefinido «mais tarde», entre tantas incertezas, avanços e recuos, percebemos que o caminho da felicidade está vedado àqueles que o procuram de um modo egoísta, e abre-se facilmente aos misericordiosos, aos puros de coração, aos pacificadores e aos que assumem a condição de pobres peregrinos neste mundo.
Ele já o tinha dito, mas nessa altura não foi compreendido.
A opção de Jesus determina as nossas opções. À medida que o tempo passa, n’Ele compreendemos cada vez melhor o que somos chamados a ser.