XII Domingo do Tempo Comum (PDF)  TEXTO

As férias não devem ser vistas como uma simples evasão, que empobrece e desumaniza, mas como momentos qualificantes da própria existência da pessoa.
Interrompendo os ritmos quotidianos, que a fadigam e esgotam, a pessoa tem a possibilidade de recuperar os aspectos mais profundos do viver e do agir.
Nos momentos de repouso, o ser humano é convidado a tomar consciência do facto de que o trabalho é um meio, e não a meta da vida, e tem a possibilidade de descobrir a beleza do silêncio como espaço no qual se reencontrar a si mesmo para se abrir ao reconhecimento e à oração.
É-lhe espontâneo, então, considerar com um olhar diferente a sua existência e a dos outros, reconhecendo os vestígios de Deus na natureza, e sobretudo nos outros seres humanos.
João Paulo II, 1996

 

 

O encontro com Cristo muda a vida

Papa Francisco, 2021 (excertos)

Pedro e Paulo, Carlo Crivelli

No centro da história de Pedro e Paulo não está a sua coragem, mas o encontro com Cristo que mudou a sua vida. Fizeram a experiência de um amor que os curou e libertou, e, por isso, tornaram-se apóstolos e ministros da libertação para os outros.

Pedro foi libertado do sentido de insuficiência e da amargura do fracasso, e isso aconteceu graças ao amor incondicional de Jesus.

Apesar de ser um pescador entendido, experimentou várias vezes o gosto amargo da derrota por não ter pescado nada e, diante das redes vazias, teve a tentação de desistir; apesar de ser forte e impetuoso, muitas vezes deixou-se tomar pelo medo; apesar de ser um apaixonado discípulo do Senhor, continuou a raciocinar segundo o mundo, sem conseguir compreender e acolher o significado da cruz de Cristo; apesar de dizer que estava pronto a dar a vida por Ele, bastou-lhe sentir-se suspeito de ser dos seus para se amedrontar e renegar o Mestre.

No entanto Jesus amou-o gratuitamente e apostou nele. Encorajou-o a não se render, a continuar a lançar as redes ao mar, a caminhar sobre as águas, a segui-Lo no caminho da cruz, a dar a vida pelos irmãos, a apascentar as suas ovelhas. Assim o libertou do medo, dos cálculos baseados somente nas seguranças humanas, nas preocupações mundanas, infundindo-lhe a coragem de arriscar tudo e a alegria de sentir-se pescador de homens. A ele deu as chaves para abrir as portas que conduzem ao encontro com o Senhor e o poder de ligar e desligar: ligar os irmãos a Cristo e desligar os nós e as cadeias da sua vida.

Também Paulo experimentou a libertação da escravidão mais opressora, a do seu eu, e de Saulo, nome do primeiro rei de Israel, tornou-se Paulo, que significa “pequeno”. Foi libertado também do zelo religioso que o tinha encarniçado na sustentação das tradições recebidas e violento na perseguição aos cristãos.

A observância formal da religião e a defesa, à espada, da tradição, em vez de o abrir ao amor de Deus e dos irmãos, tornaram-no rígido: era um fundamentalista. Deus libertou-o disto; e não lhe poupou muitas fraquezas e dificuldades que tornaram mais fecunda a sua missão evangelizadora.

Paulo compreendeu assim que «Deus escolheu aquilo que no mundo é fraco para confundir os fortes», compreendeu que tudo podemos n’Ele que nos dá força, que nada pode alguma vez separar-nos do seu amor. Cristo não os julgou, não os humilhou, mas partilhou a sua vida com afecto e proximidade, apoiando-os com a sua própria oração e, algumas vezes, chamando-os para os sacudir à mudança.
Jesus assegura-nos a sua proximidade orando por nós e intercedendo junto do Pai; e repreende-nos com doçura quando erramos, para que possamos reencontrar a força para retomarmos o caminho.

Como Pedro, somos chamados a ser livres do sentimento da derrota perante a nossa pesca por vezes ruinosa; a ser livres do medo que nos imobiliza e nos torna medrosos, fechando-nos nas nossas seguranças e tirando-nos a coragem da profecia.

Como Paulo, somos chamados a ser livres das hipocrisias da exterioridade; a ser livres da tentação de nos impormos com a força do mundo, mas antes com a fraqueza que dá espaço a Deus; livres de uma observância religiosa que nos torna rígidos e inflexíveis; livros dos laços ambíguos com o poder e do medo de sermos incompreendidos e atacados.

Pedro e Paulo entregam-nos a imagem de uma Igreja confiada às nossas mãos, mas conduzida pelo Senhor com fidelidade e ternura

 

 

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