Domingo III da Quaresma (PDF)     TEXTO

Parábola da figueira, na Igreja de St Mary Abott, Londres

O amor de Deus move-se sempre primeiro, é amor de compaixão, de misericórdia: dá o primeiro passo, sempre.

E é verdade que o oposto do amor é o ódio, mas muitas pessoas não têm um ódio consciente.

O oposto mais frequente ao amor de Deus é a indiferença, a que leva a dizer: «estou satisfeito, nada me falta. Tenho tudo,  garanti esta vida, e inclusive a eterna, porque vou à missa todos os domingos, sou um bom cristão.

Papa Francisco, Homilia na Capela de Santa Marta

 

 

De uma economia de exclusão a uma economia de comunhão: que responsabilidade para os cristãos?

Manuela Silva, Professora Honoris Causa do ISEG

Multiplicação dos pães e dos peixes, in Victoria and Albert Museum, Londres

Temos de agradecer ao Papa Francisco o facto de nos ter convocado para enfrentar a realidade de uma economia que escraviza e exclui quando deveria ser colocada ao serviço das pessoas, da liberdade e da inclusão social.
É importante aprender a converter o nosso olhar, ou seja não tomar a realidade com que deparamos como se fosse uma inevitabilidade, uma fatalidade ou como um castigo, designadamente no que respeita às vítimas da situação.

Estamos perante um processo de desumanização em marcha, de que são sinais visíveis: o stress que se vive em certos ambientes de trabalho; a difícil conciliação entre a vida profissional e a vida pessoal e familiar; o desrespeito por direitos adquiridos no trabalho ou na segurança social; a falta de consideração pelos idosos; a violência latente ou declarada; a desatenção do valor da pessoa humana.

Há sinais que podem ser de esperança num futuro melhor: o maior nível de conhecimento por parte de largos estratos da população; a propensão à inovação e ao empreendorismo; as facilidades de acesso a novos recursos potenciais em domínios estratégicos, no âmbito da agricultura, dos recursos marítimos, da energia, dos transportes e comunicações.

De relevar o património de um conjunto de valores fundamentais que devem ser reconhecidos, exaltados e cultivados, nomeadamente, a solidariedade, o cuidado, a entreajuda
A idolatria do dinheiro leva a uma cultura da precariedade, da competitividade agressiva e do descartável. Ou seja: conduz ao trabalho mal pago, ao despedimento fácil e à perda de direitos na empresa.
O hiperconsumismo tornou-se numa doença para alguns e num motivo de frustração e desânimo para muitos. O consumo irresponsável de alguns tornou-se também numa séria causa de degradação ambiental.

A mudança de uma economia de exclusão para uma economia de comunhão depende de uma alteração de paradigma do próprio pensamento económico com consequências no ensino, na investigação e na fundamentação das políticas públicas.
O caminho para uma economia de comunhão passa, antes de tudo, por uma nova consciência individual e colectiva alicerçada em valores éticos, com a correspondente mudança de atitudes e comportamentos, estilos de vida, relações humanas e ambientais.

Na sociedade portuguesa, pese embora a sua crescente laicidade e uma notória diminuição daquilo a que chamamos prática religiosa, são ainda, em largo número, os homens e as mulheres que se dizem cristãos e, inclusive, frequentam as assembleias litúrgicas e, como tal, têm peso significativo em toda a sociedade.

A economia que temos e as cidades em que habitamos são, em boa parte, o resultado das acções e das omissões das mulheres e homens cristãos, do seu modo de pensar e de agir
Cabe-nos fazer a diferença nos locais em que estamos inseridos, através de uma denúncia lúcida e atenta de tudo o que mata e inovando segundo o Evangelho, que o mesmo é dizer, no sentido da construção do reino de Deus.

CAMINHAR NA FÉ

14 ESTAÇÕES, 14 IGREJAS
30 de Março – 8H00

O projecto CAMINHAR NA FÉ desenvolve-se sob a égide das Paróquias de Santa Maria de Belém e de São Francisco Xavier e acolhe todos os paroquianos que gostem de caminhar. Tem como objectivo aliar a componente espiritual à actividade física.

Apresenta como primeira actividade a Caminhada 14 Estações, 14 Igrejas, no dia 30 de Março, com início na Igreja de São Francisco Xavier e final na Sé Patriarcal de Lisboa.

Integra-se no tempo da Quaresma e propõe, ao longo de aproximadamente 14 km, passar por 14 Igrejas, reflectindo em cada uma delas as 14 estações da Via Sacra.

Participe! Inscreva-se através do email:
caminharnafe.belemsfx@gmail.com