Domingo XII do Tempo Comum (PDF)     TEXTO

Giotto di Bondone, Crucificação

Todos são convidados a seguir Jesus, isto é, a tomar – como Ele – a cruz do amor e da entrega, a derrubar os muros do egoísmo e do orgulho, a renunciar a si mesmo e a fazer da vida um dom.

Isto não deve acontecer em circunstâncias excepcionais, mas na vida quotidiana.

Dehonianos

 

O caminho do Amor

Papa Francisco, Set 2018

Hans Memling, Jesus

Jesus quer ouvir o que pensam as pessoas sobre Ele — e sabe bem que os discípulos são muito sensíveis à popularidade do Mestre! Jesus é considerado pelo povo um grande profeta.

Mas, na realidade, não Lhe interessam as sondagens e as bisbilhotices do povo. Ele não aceita sequer que os seus discípulos respondam às suas perguntas com fórmulas já preparadas, citando personagens famosos da Sagrada Escritura, porque uma fé que se reduz às fórmulas é uma fé míope.

O Senhor quer que os seus discípulos de ontem e de hoje estabeleçam com Ele uma relação pessoal, e assim O acolham no centro da sua vida. Por esta razão, incentiva-os a colocar-se em toda a verdade diante de si mesmos, e pergunta: «E vós, quem dizeis que Eu sou?».

Jesus, hoje, faz este pedido tão directo e confidencial a cada um de nós: “Tu, quem dizes que Eu sou? Quem sou Eu para ti?”. Cada um é chamado a responder, no próprio coração, deixando-se iluminar pela luz que o Pai nos dá a fim de conhecer o seu Filho Jesus.

E pode acontecer também que nós, assim como Pedro, afirmemos com entusiasmo: «Tu és o Cristo». Contudo, quando Jesus nos comunica claramente o que disse aos discípulos, ou seja, que a sua missão se cumpre não no amplo caminho do sucesso, mas na senda árdua do Servo sofredor, humilhado, rejeitado e crucificado, então pode acontecer também a nós como a Pedro, protestar e rebelar-nos porque isto contrasta com as nossas expectativas mundanas. Nestes momentos, também nós merecemos a repreensão saudável de Jesus.

A profissão de fé em Jesus Cristo não pode limitar-se às palavras, mas exige ser autenticada com escolhas e gestos concretos, com uma vida caracterizada pelo amor de Deus, com uma vida grande, cheia de amor pelo próximo.
Jesus diz-nos que para O seguir, para sermos seus discípulos, é preciso renegar-se a si mesmos, isto é, renegar as pretensões do próprio orgulho egoísta, e carregar a própria cruz.

Depois dá a todos uma regra fundamental.
«Quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á». Muitas vezes na vida, por vários motivos, erramos o caminho, procurando a felicidade só nas coisas ou nas pessoas que tratamos como coisas. Mas a felicidade encontramo-la somente quando o amor, aquele verdadeiro, nos encontra, nos surpreende, nos muda. O amor transforma tudo! E o amor pode mudar também a nós, cada um de nós. Demonstram-no os testemunhos dos santos.

 

Em interrogações constantes

Nélio Pita, CM

Seguir Jesus

De tempos a tempos a pergunta ressuscita do estado catatónico, invade o espaço da consciência e torna-se pública: «Maria, por que é que estamos casados?», «Francisco, tu amas-me?», «a que propósito estou nesta faculdade?», «por que é que acordo tão cedo?», «por onde vou?» e por aí adiante.

Aqui e ali, em tempos e lugares inesperados, a pergunta bate à porta e expõe-se sem pedir autorização. Quando levada a sério, reacende a paixão primeira ou, pelo contrário, confronta-nos com uma dolorosa realidade que não pode ser camuflada por muito tempo: «já não faz sentido continuarmos assim», «não, não sei o que é o amor», «estou no curso errado», «trabalho inutilmente para…».

Depois das reformas do Concílio Vaticano II, houve alguma tribulação no seio das comunidades religiosas, provocada pelas novas orientações.
A febre também afectou a vida monástica, confessa o abade André Louf. Nos corredores dos antigos mosteiros, repetia-se a pergunta: «Afinal o que é um monge?». «Um monge, disse o velho sábio, é aquele que todos dos dias se interroga, o que é o monge?»
O que é um baptizado? O que é ser membro da Igreja? Que significa seguir Jesus? Em resumo, quem é Jesus para mim?

Se realmente temos amor a esta causa, estas perguntas surgem naturalmente, todos os dias, porque em cada amanhecer, podemos dizer «hoje começo de novo». Bem-aventurado aquele que se interroga constantemente porque um dia encontrará o Reino de Deus!

Todos os dias, enquanto cristãos, somos confrontados com a pergunta do Mestre da Galileia, a mesma que Ele fez a caminho de Cesareia de Filipe «Tu, que dizes de mim?». Há ainda as respectivas variações, como aquela de S. Tiago «De que serve a alguém dizer que tem fé, se não tem obras?» e, a mais antiga, de Isaías «Quem é o meu adversário?…».

A qualidade da resposta é determinada pela escala de valores subjacente às nossas opções. Se amo, se tenho devoção, direi também, ainda que tímida e secretamente, como Pedro, «Tu és para mim o Messias».
Aos olhos dos outros, tudo pode parecer igual, os dias e as actividades. Mas, para nós, há um novo vigor suscitado pela pergunta decisiva.

E estaremos dispostos a caminhar com Ele.

 

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