Domingo XXV do Tempo Comum (PDF) TEXTO
O dinheiro pode muito bem tornar-se um ídolo, tornar-se um fim em si mesmo, deixando de ser um meio.
Quando se está obcecado pelo desejo de ganhar dinheiro, depressa nos tornamos escravos; rapidamente deixaremos de ter tempo para pensar noutra coisa. «Desconfiar do que possuímos para não sermos possuídos», é um bom princípio.
O sabbat foi precisamente criado para isso: encontrar uma vez por semana o gosto da gratuidade.
É uma forma de permanecer livre.
Jacques Fournier, Marie Nöelle Thabut, In Conferência Episcopal Francesa
Ser santo começa nas pequenas coisas
Papa Francisco, 19 Novembro 2014
Em que consiste a vocação à santidade?
E como pode ser concretizada?
A santidade é o rosto mais belo da Igreja, é redescobrir-se em comunhão com Deus, na plenitude da sua vida e do seu amor. Compreende-se, então, que a santidade não é uma prerrogativa apenas de alguns: a santidade é um dom oferecido a todos, ninguém se exclui.
Para se ser santo não é preciso ser bispo, padre ou religioso. Não, todos somos chamados a tornar-nos santos. Muitas vezes somos tentados a pensar que a santidade é reservada àqueles que têm a possibilidade de se desligar das tarefas normais para se dedicarem exclusivamente à oração. Mas não é assim.
É precisamente vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho cristão nas ocupações de cada dia que somos chamados a tornar-nos santos. E cada um nas condições e no estado de vida em que se encontra.
És consagrado, és consagrada? Sê santo vivendo com alegria a tua doação e o teu ministério. És casado? Sê santo amando e cuidando do teu marido ou da tua mulher, como Cristo fez com a Igreja. És um baptizado não casado? Sê santo cumprindo com honestidade e competência o teu trabalho e oferecendo tempo ao serviço dos irmãos.
“Mas, padre, eu trabalho numa fábrica… Eu trabalho como contabilista, sempre com os números, mas aí não se pode ser santo…”.
Sim, pode-se! Onde tu trabalhas podes tornar-te santo. Deus dá-te a graça de te tornares santo.
És pai ou avô? Sê santo ensinando com paixão aos filhos ou aos netos a conhecer e a seguir Jesus. E isto exige tanta paciência, para ser um bom pai, um bom avô, uma boa mãe, uma boa avó, exige-se tanta paciência, e nesta paciência acontece a santidade: exercitando a paciência.
És catequista, educador ou voluntário?
Sê santo tornando-te sinal visível do amor de Deus e da sua presença junto a nós.
Cada estado de vida leva à santidade, sempre. Na tua casa, na estrada, no trabalho, na Igreja, nesse momento e com o estado de vida que tu tens está aberto o caminho para a santidade.
Não te desencorajes de percorrer este caminho. É o próprio Deus que te dá a graça. E isto é a única coisa que pede o Senhor, é que nós estejamos em comunhão com Ele e ao serviço dos irmãos.
Cada um de nós pode fazer um exame de consciência: como respondemos até agora ao chamamento do Senhor à santidade? Tenho a vontade de me tornar um pouco melhor, de ser mais cristão, mais cristã? Esta é a estrada da santidade.
Quando o Senhor nos convida a tornarmo-nos santos, não nos chama a algo de pesado, de triste… Pelo contrário! É o convite a partilhar a sua alegria, a viver e a oferecer com alegria cada momento da nossa vida, tornando-a ao mesmo tempo um dom de amor para as pessoas que estão junto a nós. Se compreendemos isto, tudo muda e adquire um significado novo, um significado belo, um significado a começar pelas pequenas coisas de cada dia.
Uma senhora vai ao mercado para fazer as compras e encontra uma vizinha, e começam a falar, e depois vêm os mexericos, e esta senhora diz: “Não, não, não, não posso dizer mal de ninguém.” Esse é um passo para a santidade, ajuda-te a tornar-te mais santo. Depois, em tua casa, o teu filho pede-te para falar um pouco das suas fantasias: “Oh, estou tão cansado, trabalhei muito hoje…”; mas tu adapta-te e ouve o teu filho, que precisa. E tu ajustas-te, ouve-lo com paciência… Este é um passo para a santidade.
Depois acaba o dia, estamos todos cansados, mas a oração… Façamos a oração. Esse é um passo para a santidade. Depois chega o domingo e vamos à missa comungar, às vezes uma bela confissão que nos limpe um pouco. Este é um passo para a santidade. Depois, a Virgem, tão boa, tão bela, pego no terço e rezo-lhe. Este é um passo para a santidade.
E muitos pequeninos passos para a santidade.
Depois vou pela estrada, vejo um pobre, um necessitado, paro, pergunto, dou-lhe alguma coisa, é um passo para a santidade. Pequenas coisas, são pequenos passos para a santidade. Cada passo para a santidade tornar-nos-á pessoas melhores, livres do egoísmo e do fechamento em si próprio, e abertas aos irmãos e às suas necessidades.
Acolhamos com alegria o convite à santidade e apoiemo-nos uns aos outros, porque o caminho para a santidade não se percorre sozinho, cada um por sua conta, mas percorre-se em conjunto, naquele único corpo que é a Igreja, amada e tornada santa pelo Senhor Jesus Cristo. Andemos para a frente com coragem, nesta estrada da santidade.