Domingo da Páscoa da Ressurreição do Senhor (PDF)     TEXTO

Fra Angelico, Túmulo vazio

“O Senhor ressuscitou”, um anúncio que andava  de boca em boca, como um cumprimento,  no início do Cristianismo.

A reacção ao anúncio da ressurreição de Jesus foi  de pressa, as mulheres correm para anunciar aos outros  o que encontraram.

As surpresas de Deus colocam-nos a caminho, imediatamente.
As boas notícias dão-se sempre assim, a correr.

No entanto, entre os apóstolos, há um que toma o seu tempo, não quer arriscar, São Tomé. Mas o Senhor tem paciência para os que não vão tão depressa.
E eu, o que faço?

Papa Francisco. Páscoa 2018

 

 

Jesus, modelo na forma de abraçar a cruz

Papa Francisco, Domingo de Ramos, 2019

Ugolino di Nerio, Deposição da cruz

Jesus mostra-nos como enfrentar os momentos difíceis e as tentações mais insidiosas, guardando no coração uma paz que não é isolamento, não é ficar impassível nem fazer de super-homem, mas confiante abandono ao Pai e à sua vontade de salvação, de vida, de misericórdia.

As atitudes e comportamentos de Jesus nos momentos mais dramáticos da sua vida são modelo para todos aqueles sujeitos à angústia perante a iminência da morte ou de dificuldades aparentemente inultrapassáveis.

A Paixão de Jesus ajuda os cristãos a ter sempre presente o grande ensinamento da sua Paixão como modelo de vida e de vitória contra o espírito do mal.

Tal como muitas pessoas tentadas a agir contra a vontade de Deus, quer por ignorância, quer deliberadamente, também a Jesus foi sugerido que fizesse a sua obra, escolhendo Ele o modo e desligando-se da obediência ao Pai, cilada que rejeita.

Com efeito, Jesus ensina o ser humano que para dar espaço a Deus, só há um modo: o despojamento, o esvaziamento de si mesmo, o que em termos práticos significa calar, rezar, humilhar-se, porque com a cruz, não se pode negociar: abraça-se ou recusa-se.

A humilhação de Jesus mostra o caminho do seu coração, que vai da condição divina à condição de servo, a obediência à vontade de Deus até à morte e morte de cruz, um itinerário absolutamente oposto ao do triunfalismo que tem como maior perigo a mundanidade espiritual, a mais pérfida tentação que ameaça a Igreja. Outra lição que se extrai da prisão e condenação de Jesus: Prestes a ser levado à morte, resiste à tentação de responder, de ser mediático, porque nos momentos de escuridão e grande tribulação, é preciso ficar calado, ter a coragem de calar, contanto que seja um calar manso e não rancoroso.

Não se trata, como pensou um dos seus discípulos, de recorrer à violência, de empunhar a espada, mas de permanecer calmo, firme na fé, mantendo na cruz, em todas as cruzes da vida, a esperança da ressurreição.

 

Aqui começa a nova Humanidade

Giovanni Bellini, A Ressurreição

A lógica humana vai na linha da figura representada por Pedro: o amor partilhado até à morte, o serviço simples e sem pretensões, a entrega da vida só conduzem ao fracasso e não são um caminho sólido e consistente para chegar ao êxito, ao triunfo, à glória; da cruz, do amor radical, da doação de si, não pode resultar vida plena. É verdade que é esta a perspectiva da cultura dominante.
Como me situo face a isto?

A ressurreição de Jesus prova precisamente que a vida plena, a vida total, a libertação plena, a transfiguração total da nossa realidade e das nossas capacidades passam pelo amor que se dá, com radicalidade, até às últimas consequências.
Tenho consciência disso? É nessa direcção que conduzo a caminhada da minha vida?

Pela fé, pela esperança, pelo seguimento de Cristo e pelos sacramentos, a semente da ressurreição (o próprio Jesus) é depositado na realidade do homem/corpo. Revestidos de Cristo, somos nova criatura: estamos, portanto, a ressuscitar, até atingirmos a plenitude, a maturação plena, a vida total (quando ultrapassarmos a barreira da morte física).
Aqui começa, pois, a nova humanidade.

Dehonianos

 

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