Domingo V da Quaresma (PDF) TEXTO
Nas nossas vidas e na nossa história, sempre e de novo, encontramos Jesus que carrega a cruz.
Muitas vezes passamos junto d’Ele e muitas vezes não O reconhecemos.
Ele vem ao nosso encontro como fez com os seus discípulos após a sua Ressurreição. Mudou. Porém, mostra-nos as suas feridas.
Encontramo-l’O naqueles que carregam as cruzes pesadas da perseguição, dos vários géneros de pobreza.
Encontramo-l’O nas feridas da queles que nós próprios ferimos, encontramo-l’O também nas nossas feridas.
Tomáš Halík, Via Crucis
Apelo à conversão é promessa de vida feliz
Papa Francisco, Audiência geral, Vaticano, 6.3.2018
Quando rezamos o Pai-nosso, a segunda invocação com que nos dirigimos a Deus é venha a nós o vosso Reino. Depois de ter rezado para que o seu nome seja santificado, o crente exprime o desejo que se apresse a vinda do seu Reino.
Este desejo brota do próprio coração de Cristo, que começou a sua pregação na Galileia a proclamar:
O tempo cumpriu-se e o Reino de Deus está próximo: convertei-vos e acreditai no Evangelho.
Estas palavras não são, de maneira nenhuma, uma ameaça; Jesus não quer impelir as pessoas a converter-se semeando o medo do juízo iminente de Deus ou o sentido de culpa pelo mal cometido. Ao contrário, o que Ele traz é a Boa Notícia da salvação, e a partir dela chama à conversão.
Jesus inicia o seu ministério cuidando dos doentes, daqueles que vivem uma exclusão social, dos pecadores vistos com desprezo por todos, inclusive por aqueles que eram mais pecadores, mas fingiam que eram justos.
Venha a nós o vosso Reino!
Jesus veio; mas o mundo está ainda marcado pelo pecado, repleto de muita gente que sofre, de pessoas que não se reconciliam e não perdoam, de guerras e de muitas formas de exploração.
Todos estes factos são a prova de que a vitória de Cristo ainda não se cumpriu completamente: muitos homens e mulheres vivem ainda com o coração fechado. É sobretudo nestas situações que nos lábios do cristão aflora a segunda invocação do Pai-nosso: Venha a nós o teu Reino!. Que é como dizer: Precisamos de Ti, Jesus; precisamos que em todo o lado e para sempre Tu sejas Senhor no meio de nós!
Por vezes questionamo-nos: como é que este Reino se realiza tão lentamente? Jesus gosta de falar da sua vitória com a linguagem das parábolas. Por exemplo, diz que o Reino de Deus é semelhante a um campo onde crescem juntos a boa semente e o joio: o pior erro seria querer intervir de imediato, extirpando do mundo aquelas que parecem ser ervas daninhas. Deus não é como nós, Deus tem paciência. Não é com a violência que se instaura o Reino no mundo: o seu estilo de propagação é a ternura.
O Reino de Deus é uma grande força, a maior que existe, mas não segundo os critérios do mundo; por isso parece que nunca tem a maioria absoluta.
É como o fermento que se mistura na farinha: aparentemente desaparece, no entanto, é precisamente ele que faz crescer a massa. Ou como um grão de mostarda, quase invisível, que, todavia, tem em si a explosiva força da natureza, e uma vez crescido torna-se a maior de todas as árvores do horto.
Neste “destino” do Reino de Deus pode intuir-se a trama da vida de Jesus: também Ele foi para os seus contemporâneos um sinal minúsculo, um acontecimento quase desconhecido aos historiadores oficiais do tempo. Um grão de trigo, definiu-se Ele próprio, que morre na terra, mas só assim consegue dar muito
fruto.
O símbolo da semente é eloquente: um dia o agricultor enterra-o na terra (um gesto que parece uma sepultura), e depois, «esteja a dormir ou acordado, de noite ou de dia, a semente germina e cresce. Como, ele próprio não o sabe.
Uma semente que germina é mais obra de Deus do que do homem que a semeou. Deus precede-nos sempre, surpreende-nos sempre.
Venha a nós o vosso Reino! Semeemos esta palavra no meio dos nossos pecados e falhas.
Ofereçamo-la às pessoas derrotadas e prostradas da vida, a quem experimentou mais ódio que amor, a quem viveu dias inúteis sem nunca compreender o porquê.
Demo-la àqueles que lutaram pela justiça, a todos os mártires da história, a quem concluiu que lutou por nada, e que neste mundo domina o mal.
Escutaremos então a oração do Pai-nosso responder. Repetirá, pela enésima vez, aquelas palavras de esperança, as mesmas que o Espírito colocou como selo de todas as Sagradas Escrituras: Sim, vou já!
Desejo a cada um de vós que viva este tempo de Quaresma num autêntico espírito penitencial e de conversão, como um regresso ao Pai, que a todos espera de braços abertos para nos admitir à comunhão mais íntima com Ele.
Ano da Família
Sexta-feira, 19 de Março, solenidade de S.José, é aberto o Ano da Família Amoris Laetitia: um ano especial para crescer no amor familiar.
Convido a um renovado e criativo impulso pastoral para colocar a família no centro das atenções da Igreja e da sociedade.
Rezo para que cada família possa sentir em sua própria casa a presença viva da Sagrada Família de Nazaré, para que ela possa preencher as nossas pequenas comunidades domésticas com amor sincero e generoso, uma fonte de alegria mesmo em provações e dificuldades”
Papa Francisco