XXXIV Domingo do Tempo Comum (PDF) TEXTO

Só Deus salva

Giovanni Battista Tiepolo, Calvário

Na cruz, Jesus não responde, cala-Se perante as provocações.

E, contudo, a interpelação é relevante: Ele é o Messias, e sabe-o.

Ora, o Messias é Aquele que salvará o mundo; por isso devia salvar-Se a ele mesmo! É a nossa lógica humana, é a lógica dos seus interlocutores.

E é disso que Ele morre: por não ter agido conforme a lógica de quem provocava, às suas ideias sobre o Messias.

Mas Jesus sabe que só Deus salva; Ele espera a sua salvação apenas de Deus.

Marie-Noëlle Thabut

 

 

 

Tempo do Advento

ACI (adaptado)

Heinrich Vogeler, À espera

No próximo Domingo, dia 27 de Novembro, entramos no Advento, que vamos acompanhar durante quatro semanas, até 24 de Dezembro, dia em que começa o Tempo de Natal.
Inicia-se assim o Ano Litúrgico A, durante o qual é seguido especialmente o Evangelho de São Mateus.
O Advento é o tempo de preparação para celebrar o Natal e começa quatro domingos antes desta festa. Além disso, marca o início do novo Ano Litúrgico católico.

Advento vem do latim “ad-venio”, que quer dizer “vir, chegar”.
Muitos católicos sabem do Advento, mas talvez as preocupações no trabalho, os testes na escola, os ensaios com o grupo coral ou teatro de Natal, a arrumação do presépio e a compra dos presentes fazem com que se esqueçam do verdadeiro sentido deste tempo. Por isso, é preciso recordar que a principal preparação neste período deve ser interior, na espera da vinda de Jesus.

No tempo do Advento, faz-se um apelo aos cristãos, a fim de que vivam de maneira mais profunda algumas práticas específicas, como: a vigilância na fé, na oração, na busca de reconhecer o Cristo que vem nos acontecimentos e nos irmãos; a conversão, procurando corrigir os próprios caminhos e andar nos caminhos do Senhor, para seguir Jesus em direcção ao Reino do Pai; o testemunho da alegria que Jesus traz, através de uma caridade paciente e carinhosa para com os outros; a pobreza interior, de um coração disponível para Deus, como Maria, José, João Baptista, Zacarias, Isabel; a alegria, na feliz expectativa do Cristo que vem e na invencível certeza de que Ele não falhará.

Podemos distinguir dois períodos no Tempo do Advento. No primeiro, que se estende desde o primeiro Domingo do Advento até ao dia 11 de Dezembro, aparece com maior relevo o aspecto escatológico, orientando-nos para a espera da vinda gloriosa de Cristo. As leituras da Missa convidam a viver a esperança na vinda do Senhor em todos os seus aspectos: a sua vinda ao fim dos tempos, a sua vinda agora, cada dia, e a sua vinda há dois mil anos.

No segundo período, até 24 de Dezembro, inclusive, a liturgia orienta-se mais directamente para a preparação do Natal. Somos convidados a viver com mais alegria, porque estamos próximos do cumprimento do que Deus prometera. Os Evangelhos destes dias preparam-nos directamente para o nascimento de Jesus.

Com a intenção de tornar sensível esta dupla preparação de espera, a liturgia suprime durante o Advento uma série de elementos festivos. Desta forma, na Missa já não rezamos o Glória. Reduz-se a música com instrumentos, os enfeites festivos, as vestes são de cor roxa (à excepção do 3º, Domingo Gaudete), em que o paramento pode ser de cor-de-rosa) a decoração da Igreja é mais sóbria, etc.

Todas estas coisas são uma maneira de expressar tangivelmente que, enquanto dura o nosso peregrinar, falta-nos algo para que o nosso gozo seja completo. E quem espera, é porque lhe falta algo. Quando o Senhor Se fizer presente no meio do Seu povo, terá a Igreja chegado à sua festa completa, significada pela Solenidade do Natal.

Temos quatro semanas nas quais, de Domingo a Domingo, vamo-nos preparando para a vinda do Senhor.
A primeira das semanas do Advento está centralizada na vinda do Senhor ao final dos tempos. A liturgia convida-nos a estar vigilantes, mantendo uma especial atitude de conversão.

A segunda semana convida-nos, por meio de João Baptista, a “preparar os caminhos do Senhor”; isto é, a manter uma atitude de permanente conversão. Jesus segue chamando-nos, pois a conversão é um caminho que se percorre durante toda a vida.

A terceira semana pré-anuncia já a alegria messiânica, pois já está cada vez mais próximo o dia da vinda do Senhor.

Finalmente, a quarta semana fala-nos do advento do Filho de Deus ao mundo. Maria é figura central, e a sua espera é modelo e estímulo da nossa espera.

 

Maria partiu apressadamente

Papa Francisco, Mensagem Dia Mundial da Juventude, 20 Novembro 2022 (excertos)

A experiência que muitos de vós ireis viver em Lisboa, no mês de Agosto do próximo ano, representará um novo começo para vós jovens e, convosco, para toda a humanidade.

Depois da Anunciação, Maria teria podido concentrar-se em si mesma, nas preocupações e temores derivados da sua nova condição; mas não! Entrega-se totalmente a Deus! Levanta-se e põe-se em movimento, porque tem a certeza de que os planos de Deus são o melhor projecto possível para a sua vida.

O Senhor impele-nos a sair para a luz, a deixar-se conduzir por Ele para superar o limiar de todas as nossas portas fechadas.

A Mãe do Senhor é modelo dos jovens em movimento, jovens que não ficam imóveis diante do espelho em contemplação da própria imagem, nem «alheados» nas redes. Ela está completamente projectada para o exterior. …e partiu apressadamente!

A pressa de Maria é ditada pela solicitude do serviço, do anúncio jubiloso, duma pronta resposta à graça do Espírito Santo.

Como reajo perante as necessidades que vejo ao meu redor? Busco imediatamente uma justificação para não me comprometer, ou interesso-me e torno-me disponível? É certo que não podeis resolver todos os problemas do mundo; mas talvez possais começar por aqueles de quem está mais próximo de vós, pelas questões do vosso território.

Apressa da jovem de Nazaré é a pressa típica daqueles que receberam dons extraordinários do Senhor e não podem deixar de partilhar, de fazer transbordar a graça imensa que experimentaram. É a pressa de quem sabe colocar as necessidades do outro acima das próprias. Maria é exemplo de jovem que não perde tempo a mendigar a atenção ou a aprovação dos outros, mas move-se para procurar a conexão mais genuína, aquela que provem do encontro, da partilha, do amor e do serviço.

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