VII Domingo do Tempo Comum (PDF)  TEXTO

Bradi Barth, O Bom Ladrão

No mundo em que vivemos, é um sinal de fraqueza e de cobardia não responder a uma agressão ou não pagar na mesma moeda a quem nos faz mal; e é um sinal de coragem e de força pagar o mal com o mal – se possível, com um mal ainda maior.

Estes princípios geram guerras entre os povos, separações e divisões entre os membros da mesma família, inimizades e conflitos entre os colegas de trabalho, relacionamentos difíceis e pouco fraternos entre membros da mesma comunidade cristã ou religiosa.

Porque não descobrimos, ainda, que este caminho é desumano?

Só o amor desarma a agressividade e transforma os corações dos maus e dos violentos.

Dehonianos

 

 

 

O seu coração está a encolher a sua vida?

P. Dennis Clarke

Andreas Davias, Crucificação

Alguns anos após a Guerra Civil nos EUA ter terminado, o famoso general Robert Lee visitou a plantação de um amigo no Kentucky. Diante da mansão estavam ainda os tristes vestígios de uma grande magnólia, cujos ramos tinham sido destruídos pela artilharia.
Apesar da passagem do tempo, a dona da casa vivia ainda com um sentimento amargo, e chorou lágrimas encolerizadas quando mostrou ao general o tronco cicatrizado e enegrecido da árvore. A mulher fez uma pausa, na expectativa de que a sua raiva fosse reforçada por palavras que reprovassem o odioso inimigo.
O general ficou silencioso durante alguns instantes. Depois, olhou para o que restava da magnólia e disse: «Deite-a abaixo, querida senhora, e esqueça».

Durante anos, a mulher envenenou e reduziu a sua vida ao afeiçoar-se àquelas memórias amargas. Mudar de atitude implicava uma profunda mudança do coração. Porque é com o nosso coração que olhamos para o mundo, tiramos-lhe as medidas e decidimos como reagir a ele.
Se os nossos corações são amargos, maus ou pequenos, eles projectarão a sua imagem estreita e horrível do mundo. Nele encontraremos precisamente o que estamos à espera de encontrar, ou seja, nada de bom. Reduziremos os nossos amigos a inimigos e as oportunidades a problemas.
E nesta dinâmica, os nossos corações tornar-se-ão, eles também, cada vez mais pequenos e estreitos, com cada vez menos espaço para a amizade e para o amor que as pessoas nos querem dar.

É o que Jesus quer dizer quando afirma: «A medida que usardes com os outros será usada convosco».
Mas, e se os nossos corações não forem frios, duros e pequenos? O que acontecerá se os nossos corações forem calorosos, abertos e optimistas? O que é que veremos?
Um mundo muito diferente, um mundo cheio de pessoas boas que ainda não se completaram, um mundo de pessoas que lutam para que a sua vida dê certo, pessoas que conseguirão crescer se lhes dermos uma mão em vez de lhes virarmos as costas. Grandes corações podem visualizar tudo isto, e podem converter os inimigos em amigos, e podem amar as pessoas no seu todo, como elas são, tal como Deus as ama.

E nesta dinâmica de procurar o bem nos outros e ajudá-lo a ampliar-se, esses corações grandes e abertos tornar-se-ão cada vez maiores.
E então encontraremos em nós uma capacidade totalmente nova de recebermos e alegrarmo-nos com o amor e a amizade que as pessoas nos querem dar. A medida que usarmos com os outros será aquela com que seremos medidos.

Em que mundo queremos viver? Num mundo hostil, cheio de inimigos e vazio de alegria?
Ou num mundo pacífico, totalmente habitado por irmãos e irmãs? A escolha é nossa.
E quer o saibamos ou não, os nossos corações estão neste preciso momento a criar o mundo que escolhemos. Com a ajuda de Deus, pode ser um mundo luminoso, com espaço suficiente para todos os filhos de Deus.

Quem é generoso não julga

Papa Francisco, 18 de Março de 2019

Elizabeth Chaplin, Jesus e Maria Madalena

O excerto do Evangelho de Lucas indica-nos três aspectos para compreendermos melhor como sermos misericordiosos ou para nos pormos no caminho para sermos misericordiosos.

Antes de tudo diz-nos: “Não julgueis e não sereis julgados”. Não nos parece uma coisa má – julgar os outros – contudo é um comportamento horrível. É uma atitude que se insere na nossa vida sem que nos demos conta. Até para iniciar uma conversa: “Viste o que ele fez?”». Eis o juízo sobre o outro.

Quantas vezes por dia julgamos. Parecemos todos juízes! Sempre, para iniciar um diálogo, um comentário sobre outra pessoa: “Mas olha, fez uma cirurgia estética! Está pior do que antes”. “Compraram uma casa nova. Gastaram muito dinheiro. Seria melhor que fosse gasto noutras coisas”. E assim por diante, sempre a julgar os outros: pensemos nas vezes em que julgamos sem nos darmos conta.

Se eu quiser ser misericordioso como o Pai, como Jesus me disse, devo pensar: quantas vezes por dia julgo? E não sereis julgados. O que faço aos outros, eles farão a mim! E no fim o Senhor fará a mim. Certamente, insistiu, um bom exercício seria não julgar, mas antes de tudo tomar consciência deste “método” coloquial, que usamos nos diálogos diários, de julgar sempre alguém.

Muitas vezes vamos além do juízo: “Esta pessoa nem sequer merece que a cumprimente”. E condeno, condeno, condeno. E esta atitude de condenar sempre vem espontânea. É terrível.

O que nos diz Jesus? Se tens este hábito de condenar pensa que tu serás condenado, porque com este comportamento fazes com que o Senhor veja como Ele se deve comportar contigo.

«Perdoai e sereis perdoados».
Mesmo se é muito difícil perdoar. Muito difícil. Mas também é um mandamento que nos detém diante do altar, antes da comunhão. Porque Jesus diz: “Se tens algo contra o teu irmão, antes de ir ao altar, reconcilia-te com o teu irmão”. Perdoar.

Inclusive no Pai-Nosso Jesus ensinou-nos que esta é uma condição para obter o perdão de Deus. “Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”. Damos a medida a Deus de como se comportar connosco.

Não julgueis, não condeneis, perdoai e assim sereis misericordiosos como o Pai.

Padre, como se faz para ter esta atitude tão generosa de não julgar, nem condenar mas perdoar? O Senhor ensina-nos: “Doai. Doai e ser-vos-á doado”: sede generosos em doar, ao dar aos pobres, a quantos têm necessidade e também ao dar outras coisas: conselhos, sorrisos, sorrir. Dar sempre. Dai e ser-vos-á dado. E certamente “ser-vos-á dado numa boa medida, cheia e transbordante”, porque o Senhor será generoso.

Esta é a atitude que fortalece o não julgar, o não condenar e o perdoar. Eis então a importância da esmola, mas não só a esmola material, também a espiritual: dedicar tempo ao próximo que tem necessidade, visitar um doente, sorrir. Muitas coisas. Esta é a esmola espiritual.

Generosos sempre com os outros: primeiro os outros, depois nós.

 

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