Domingo V da Páscoa (PDF) TEXTO
A convicção de que, quanto mais pobres são, mais os pobres representam Cristo levava Madre Teresa e a sua ordem a uma essencialidade radical.
No interior dessa dimensão essencial, as suas almas, em contraste com a vida austera, eram ricas.
Não seria essa a causa do seu optimismo contínuo e extremo?
Morihiro Oki, Madre Teresa: amor sem limites
A concretude do amor cristão
Papa Francisco, Meditações matutinas, 7 Janeiro 2019
Precisamos da concreta loucura apostólica dos santos de todas as épocas — capazes de queimar a própria vida socorrendo os migrantes ou permanecendo entre os leprosos — para sermos realmente cristãos.
O apóstolo João na primeira carta aos cristãos apresenta-nos um bonito desafio: que recebamos de Deus tudo o que pedimos, contanto que observemos os seus mandamentos e façamos o que for do seu agrado. E isto significa que o acesso a Deus é aberto, a porta está aberta e a chave é esta: observar os seus mandamentos e fazer o que lhe agrada.
E o seu mandamento, o primeiro, o fundamento da nossa fé é que acreditemos no nome do seu Filho Jesus Cristo e nos amemos uns aos outros. Por isso, se crermos em Jesus Cristo e nos amarmos uns aos outros, abre-se a porta a Deus.(…)
Para crer em Jesus Cristo não é suficiente dizer: «Sim, padre, creio em Jesus Cristo, fito o crucifixo e nele vejo o Filho de Deus».
Na realidade, João vai além e diz: significa «crer que Deus, o Filho de Deus veio na carne e se fez um de nós».
Precisamente esta é a fé em Jesus Cristo: um Jesus Cristo, um Deus concreto, que foi concebido no seio de Maria, nasceu em Belém, cresceu como criança, fugiu para o Egipto, voltou para Nazaré e com o seu pai aprendeu a ler, a trabalhar, a ir em frente e depois a pregar.
Concreto, um homem concreto, um homem que é Deus mas homem. Não é Deus disfarçado de homem, não. Homem, Deus que se fez homem. A carne de Cristo. Tal é a realidade do primeiro mandamento.
Também o segundo mandamento é concreto: amar, amar-nos uns aos outros, amor concreto, não amor de fantasia, que talvez me leve a dizer: «Amo-te, quanto te amo!» mas depois, com a minha língua, destruo-te com as bisbilhotices: não, isto não!.
O amor é concreto. E os mandamentos de Deus são concretos, porque o critério do Cristianismo é a concretude, não as ideias nem as palavras boas. (…)
João é um apaixonado pela encarnação de Deus que entendeu o mistério de Jesus.
E foi precisamente a sua amizade com Jesus que o fez entender isto.
Na sua primeira carta, João escreve: «Não deis fé a todos os espíritos mas ponde-os à prova». E isto significa que quando te surgir uma ideia sobre Jesus, sobre as pessoas, sobre o que fazer, sobre o pensamento de que a redenção vai por aquele caminho, põe à prova tal inspiração.
De resto, a vida do cristão é concretude na fé em Jesus Cristo e na caridade, mas é também vigilância espiritual, porque te surgem sempre ideias ou falsos profetas que te propõem um Cristo “soft”, sem muita carne, e o amor ao próximo é um pouco relativo.
Assim, acabamos por dizer: «Sim, estes estão do meu lado, mas aqueles não».
Contudo quando estas derivas começam a insinuar-se, afastemo-nos.
E é por isso que a atitude do cristão deve pôr em primeiro lugar a fé: Cristo veio na carne e a fé está no grande mandamento, no amor concreto.
Em segundo lugar, é preciso prestar atenção e discernir o que acontece. E assim é oportuno discernir se me veio à mente fazer algo.
E discerni-lo com esta grande verdade: a encarnação do Verbo e o amor concreto.
Por isso, a vigilância espiritual é importante.
No final do dia o cristão deve reflectir dois, três, cinco minutos e dizer: “Mas o que aconteceu no meu coração hoje?”». Deve averiguar consigo mesmo não tanto se cometeu um pecado ou outro, pois isto diz respeito ao sacramento da reconciliação, mas o que aconteceu no seu coração, que inspiração teve, que vontade de fazer algo.
As perguntas a fazer a si mesmo são: «Isto significa permanecer no Senhor? É segundo o espírito do Senhor?».
Sem dúvida, às vezes alguém pode dizer: “Mas o que me veio à mente é uma loucura”; contudo, talvez seja uma “loucura” do Senhor.
Nesta perspectiva não devemos ter medo, mas discernir: o que acontece comigo. E quem ajuda a discernir é o povo de Deus, a Igreja, a unanimidade da Igreja, o irmão, a irmã, que têm o carisma de nos ajudar a ver com clareza.
Por isso, para o cristão é importante o diálogo espiritual com pessoas que têm autoridade espiritual: não é necessário ir ter com o Papa nem com o bispo para ver se o que sinto é bom: há muita gente, sacerdotes, religiosas e leigos que têm a capacidade de nos ajudar a ver o que acontece no nosso espírito, para não errar.
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