Domingo IV da Quaresma (PDF) TEXTO
Vemos o que podemos
Não vemos o que devemos ou o que queremos, mas o que podemos.
Se as coisas não parecem as mesmas a quem quer bem e a quem odeia, a quem está irado ou a quem se encontra num estado de calma, e se a luz dos olhos poderá ser escuridão, como adverte Jesus, as condições do sujeito que olha – condições afectivas, intelectuais, culturais – interferem, condicionam e poderão mesmo determinar o olhar que temos sobre a realidade.
Fazem-no de tal modo que não olhamos imediatamente o que devemos olhar, respeitando a objectividade e a particularidade das coisas que nos chegam à vista, quando são iluminadas pela luz; não olhamos simplesmente o que queremos, como se olhar deste ou daquele modo fosse simplesmente fruto da nossa vontade e determinação subjectiva; olhamos, sim, o que podemos, aquilo que as nossas condições pessoais determinam e que a nossa experiência permite que olhemos.
Pe. José Frazão, SJ
Para entrar na glória de Deus
Papa Francisco, 2013
A vida terrena de Jesus culmina com o evento da Ascensão, ou seja, quando Ele passa deste mundo para o Pai e é elevado à sua direita.
S. Lucas observa: «Aproximando-se o tempo em que Jesus devia ser arrebatado deste mundo, Ele resolveu dirigir-Se a Jerusalém». Enquanto «ascende» à Cidade Santa, onde se realizará o seu «êxodo» desta vida, Jesus já vê a meta, o Céu, mas sabe bem que o caminho que O leva à glória do Pai passa pela Cruz, através da obediência ao desígnio divino de amor pela humanidade.
O Catecismo da Igreja Católica afirma que «a elevação na cruz significa e anuncia a elevação da ascensão aos céus». Também nós devemos ver claramente na nossa vida cristã, que a entrada na glória de Deus exige a fidelidade diária à sua vontade, mesmo quando requer sacrifício e às vezes exige que mudemos os nossos programas.
A Ascensão de Jesus verifica-se concretamente no monte das Oliveiras, perto do lugar para onde se tinha retirado em oração antes da paixão, para permanecer em profunda união com o Pai: mais uma vez, vemos que a oração nos concede a graça de viver fiéis ao desígnio de Deus.
No final do seu Evangelho, S. Lucas narra o evento da Ascensão de modo muito sintético. Jesus conduziu os discípulos «para Betânia e, levantando as mãos, abençoou-os. Enquanto os abençoava, separou-Se deles e foi arrebatado para o céu. Depois de O terem adorado, voltaram para Jerusalém com grande júbilo. E permaneciam no templo, louvando e bendizendo a Deus».
Gostaria de observar dois elementos desta narração. Antes de tudo, durante a Ascensão, Jesus realiza o gesto sacerdotal da bênção e sem dúvida os discípulos manifestam a sua fé com a prostração, ajoelham-se inclinando a cabeça.
Jesus é o único e eterno Sacerdote que, com a sua paixão, atravessou a morte e o sepulcro, ressuscitou e subiu ao Céu; está sentado à direita de Deus Pai, de onde intercede para sempre a nosso favor. Como afirma S. João, na sua primeira Carta, Ele é o nosso advogado: como é bom ouvir isto! Quando alguém é convocado pelo juiz ou tem uma causa, a primeira coisa que faz é procurar um advogado para que o defenda. Nós temos um, que nos defende sempre, defende-nos das insídias do diabo, defende-nos de nós mesmos e dos nossos pecados! Não tenhamos medo de O procurar para pedir perdão, para pedir a bênção, para pedir misericórdia! Ele perdoa-nos sempre, é o nosso advogado: defende-nos sempre!
Assim, a Ascensão de Jesus ao Céu leva-nos a conhecer esta realidade tão consoladora para o nosso caminho: em Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, a nossa humanidade foi levada para junto de Deus; Ele abriu-nos a passagem; Ele é como um chefe de grupo, quando se escala uma montanha, que chega ao cimo e nos puxa para junto de Si, conduzindo-nos para Deus. Se lhe confiarmos a nossa vida, se nos deixarmos guiar por Ele, temos a certeza de estar em mãos seguras, nas mãos do nosso Salvador, do nosso advogado.
Um segundo elemento: S. Lucas afirma que os Apóstolos, depois de terem visto Jesus subir ao Céu, voltaram para Jerusalém «com grande júbilo». Isto parece-nos um pouco estranho. Em geral, quando estamos separados dos nossos familiares, dos nossos amigos, devido a uma partida definitiva e sobretudo por causa da morte, apodera-se de nós uma tristeza natural, porque já não veremos o seu rosto, nem ouviremos a sua voz, já não poderemos beneficiar do seu carinho, da sua presença.
Ao contrário, o evangelista sublinha a profunda alegria dos Apóstolos. Mas por quê? Precisamente porque, com o olhar da fé, eles compreendem que, não obstante tenha sido subtraído aos seus olhos, Jesus permanece para sempre com eles, não os abandona e, na glória do Pai, sustém-nos, orienta-os e intercede por eles.
S. Lucas descreve o acontecimento da Ascensão também no início dos Actos dos Apóstolos, para frisar que tal evento é como o elo que une e liga a vida terrena de Jesus à vida da Igreja.
Aqui S. Lucas refere-se também à nuvem que subtrai Jesus à vista dos discípulos, os quais permanecem a contemplar Cristo que sobe para junto de Deus. Então intervêm dois homens em vestes brancas que os convidam a não permanecer imóveis a contemplar o céu, mas a alimentar a sua vida e o seu testemunho com a certeza de que Jesus voltará do mesmo modo como O viram subir ao céu.
É precisamente o convite a começar a partir da contemplação do Senhorio de Cristo, a fim de receber d’Ele a força para anunciar e testemunhar o Evangelho na vida de todos os dias: contemplar e agir, ora et labora, ensina S. Bento, são ambos necessários na nossa vida de cristãos.
S. José é todo para Jesus e Maria
Dehonianos
S. José deu-se todo a eles; não vive se não para eles. Todos os três formam um só coração e uma só alma.
No trabalho, S. José pensa continuamente em Jesus e em Maria, trabalha para eles e quando Jesus se torna adulto trabalha com Ele. O seu repouso é junto deles, com eles. Os seus encontros preferidos são com Jesus e Maria. E de que assunto gosta ele de falar, senão da bondade de Deus e das maravilhas da sua misericórdia?
Na sua vida interior ele reflecte sobre os gestos e as palavras de Jesus e de Maria, sobre os mistérios da Encarnação e da Redenção. Dele pode-se dizer como de Maria: “conservava todas estas coisas no seu coração”.
Como é grande o seu espírito de fé! Acolhe todas as mensagens do anjo com devoção e humildade e executa com heroísmo todas as ordens divinas… Não é para ele um peso corresponder à sua missão. Nenhum sacrifício o faz desanimar: vai para o Egipto e de lá volta, está sempre pronto para tudo… suporta o exílio, a perseguição, a pobreza, mas aceita tudo com alegria por amor a Jesus e pela obra da Redenção…
S. José é modelo da vida de reparação. É testemunha das humilhações do Salvador no presépio, dos seus sofrimentos no Egipto, da pobreza em Nazaré. Em toda a parte ele procura reparar, com sua solicitude, os sofrimentos impostos a Nosso Senhor pelos nossos pecados. Os cuidados prodigados com delicadeza a Jesus em Belém, no Egipto e em Nazaré, são outros tantos actos de reparação.
É nosso dever imitá-lo em tudo, com a união a Jesus e a Maria, com o nosso pensamento frequente em Jesus, com nossas delicadas atenções para tudo o que diz respeito ao serviço de Jesus…
S. José é modelo também para o sacerdote…
Na Apresentação do Templo, foi pelas mãos de Maria e de José que Nosso Senhor Se ofereceu ao Pai celeste como vítima de expiação pelos pecados do mundo! Nesse grande dia S. José ofereceu-se, em união ao sacrifício de Jesus e de Maria!
Toda a sua vida não foi outra coisa senão uma vida de oferta a Deus” .