Domingo XXIV do Tempo Comum (PDF)  TEXTO

Andrey Yanev, Perdão

Senhor, quanto vieres na tua glória, não Te lembres somente dos homens de boa vontade; lembra-Te também dos homens de má vontade.

E, no dia do Julgamento, não Te lembres apenas das crueldades e violências que eles praticaram: lembra-Te também dos frutos que produzimos por causa daquilo que eles nos fizeram.

Lembra-Te da paciência, da coragem, da confraternização, da humildade, da grandeza de alma e da fidelidade que os nossos carrascos acabaram por despertar em cada um de nós.

Permite, então, Senhor, que os frutos em nós despertados possam servir também para salvar esses homens

Oração encontrada entre os escassos pertences de um judeu, morto num campo de concentração

Caminhar com Cristo em comunidade

Pe. António Borges

 

Ferdinand Georg Waldmüller, Encontro com a samaritana

O Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, com base na Constituição Sinodal de Lisboa (CSL), propõe para o novo ano pastoral 2020-2021 dois grandes motes:
1. “sair com Cristo ao encontro de todas as periferias” (CSL, 53) e
2. “fazer da Igreja uma rede de relações fraternas” (CSL, 60).

• Todos somos necessários na vida eclesial.
Todos somos convidados a crescer em co-responsabilidade e em solidariedade.
Não basta querer bem aos outros; importa que os outros sintam que são considerados e que são relevantes.
Nas circunstâncias históricas que atravessamos são-nos pedidos esforços acrescidos para o bem comum.

• Criar condições para o encontro com Cristo e para a construção de relações fraternas requer o cuidado da “casa comum”.
A preocupação ecológica integral interpela-nos à conversão:
1. para a gratidão;
2. para a comunhão universal;
3. para o desenvolvimento do melhor que cada um tem para dar, de modo a ajudar a construir soluções para os dramas da vida e do mundo.

A equação do Perdão

Papa Francisco, 01 de Março de 2016

Hans von Tubigen, O bom ladrão

Dirijo-me a Deus, recordando-lhe a sua misericórdia e peço-Lhe perdão, mas o perdão como Deus o concede.

Há uma característica deste perdão de Deus, cuja perfeição é incompreensível a nós homens, pois Ele chega a “esquecer-se” dos nossos pecados. Quando Deus perdoa, o seu perdão é tão grande que é como se “Se esquecesse”.
Assim, uma vez que estamos em paz com Deus pela sua misericórdia, se perguntássemos ao Senhor: «Mas recordas-Te daquela má acção que pratiquei?», a resposta poderia ser: «Qual? Não recordo…».
Acontece o oposto daquilo nós fazemos e que emerge com frequências das nossas conversas: “Mas este fez isto e aquilo…”. Nós não nos esquecemos e de muitas pessoas conservamos a história antiga, média, medieval e moderna. E isto porque não temos um coração misericordioso.

No trecho litúrgico do Evangelho de Mateus o protagonista é Pedro, o qual tinha ouvido o Senhor falar muitas vezes sobre perdão e misericórdia.
O apóstolo, evidentemente, na sua simplicidade — «não tinha estudado, não era formado, era um pescador» — não tinha compreendido plenamente o significado daquelas palavras. Portanto aproximou-se de Jesus e disse-Lhe: “Senhor, se meu irmão comete culpas contra mim, quantas vezes devo perdoar-lhe? Até sete vezes?”». Sete vezes: talvez lhe parecesse até «generoso». Mas Jesus responde-lhe: “Não te digo até sete, mas setenta vezes sete”.

Para o explicar melhor, Jesus narra a parábola do rei que deseja fazer as contas com os seus servos. A ele, lê-se nas Escrituras, é apresentado «um que lhe devia dez mil talentos», uma quantia enorme para a qual, segundo a lei daquele tempo, teria sido obrigado a vender tudo até a esposa, os filhos e os campos. A este ponto, disse o Papa, retomando a narração evangélica, o devedor começou a chorar, a pedir misericórdia, perdão, até que o dono sentiu “compaixão”.
«Compaixão» é outra palavra que se aproxima facilmente do conceito de misericórdia. Com efeito, quando nos Evangelhos se fala de Jesus e se descreve o seu encontro com um doente lê-se que Ele teve “compaixão” por ele.

A parábola então continua com o dono que deixou ir o servo e perdoou a dívida. Tratava-se de uma grande dívida. Por seu lado, o servo, encontrando-se com um companheiro que tinha uma dívida com ele de pouco valor, queria mandá-lo para a prisão.
Aquele homem, não compreendeu o que o seu rei fez com ele e assim comportou-se de maneira egoísta. Na conclusão da narração o rei chama o servo ao qual tinha perdoado a dívida e manda-o prender porque não foi «generoso». Isto é, não fez ao seu companheiro o que Deus fez a ele.
Para obter um ensinamento válido para todos evoquemos a frase do Pai-Nosso na qual dizemos: «Perdoai as nossas ofensas assim como perdoamos a quem nos tem ofendido».

Trata-se de uma equação, ou seja: Se tu não fores capaz de perdoar, como te poderá perdoar Deus? O Senhor quer perdoar-te, mas não poderá se tu tens o coração fechado, e a misericórdia não pode entrar. Alguém poderia objectar: «Padre, eu perdoo mas não posso esquecer o que me fizeram…».
A resposta é: «Pede ao Senhor que te ajude a esquecer». Contudo, se é verdade que se pode perdoar, mas esquecer nem sempre se consegue, certamente não se pode aceitar a atitude do ”perdoar” e “vais pagar”.
É preciso perdoar como Deus perdoa, o qual perdoa ao máximo».
Não é fácil perdoar, não é fácil, em muitas famílias há irmãos que discutem pela herança dos pais e não se falam; muitos casais que discutem e cresce o ódio e a família acaba destruída. Estas pessoas não são capazes de perdoar. Este é o mal.

Que a Quaresma nos prepare o coração para receber o perdão de Deus. Mas recebê-lo e depois fazer o mesmo com os outros: perdoar de coração. Isto é, ter uma atitude que nos leve a dizer talvez nunca me cumprimentas mas no meu coração perdoei-te.
Esta é a melhor maneira para nos aproximarmos deste aspecto tão grande de Deus que é a misericórdia. Com efeito, perdoando, abrimos o nosso coração para que a misericórdia de Deus entre e nos perdoe. E todos temos motivos para pedir o perdão de Deus: Perdoemos e seremos perdoados

 

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