Baptismo do Senhor (PDF)     TEXTO

«Se não mudam as coisas à nossa volta, pelo menos mudamos nós»

Papa Francisco, 2019

Jan Brueghel the Younger, The Baptism of Christ

Os católicos devem rezar com coragem, porque encontram sempre resposta por parte de Deus, que é um Pai e não esquece os seus filhos que sofrem: Certamente, essas afirmações colocam-nos em crise, porque muitas das nossas orações parecem não ter resultado algum.

Quantas vezes pedimos e não recebemos – e todos temos experiência disto – batemos e encontramos uma porta fechada? Jesus recomenda-nos, nesses momentos, para insistir, não nos darmos por vencidos. É importante rezar, na vida dos católicos, e insistir por toda a vida junto de Deus, na certeza de que Ele responderá.

A oração transforma sempre a realidade, sempre: se não mudam as coisas à nossa volta, pelo menos mudamos nós, muda o nosso coração.

Jesus era um “orante”, que reza por cada um, com a capacidade de abafar as emoções mais violentas e os desejos de vingança. Rezar é desde agora a vitória sobre a solidão e o desespero, no final de cada estrada há um Pai que espera por tudo e todos com os braços bem abertos.

Jesus Cristo é a Tenda divina no meio de nós; ide até Ele, vivei na sua graça e tereis a vida eterna. Desça sobre vós e vossas famílias a Bênção de Deus. Pela festa do Baptismo do Senhor, que encerra o tempo litúrgico do Natal, este domingo, convido todos a conhecer a data do próprio Baptismo, data de nascimento para a vida da Igreja. É muito importante festejar a data do Baptismo.

 

Sim, Cremos

Isidro Pereira Lamelas, in Sim, cremos

Não se nasce cristão, nem se é cristão por herança, mas tornamo-nos cristãos pela fé e pelo segundo nascimento baptismal. Ou, como ensina Agostinho, «não é a geração que faz os cristãos, mas a regeneração».

É, pois, através do baptismo, isto é, pela fé baptismal que se nasce verdadeiramente.
Com base nesta convicção, a Igreja desenvolveu ao longo dos séculos todo um caminho de iniciação e formação que visava gerar “o homem novo”.

Esta nova identidade era assinalada nomeadamente através do Credo ou Símbolo da fé que sempre foi considerado como um resumo do Evangelho e a cédula de identidade do cristão.

Por isso, Santo Agostinho e os demais Padres da Igreja repetem muitas vezes palavras como estas: «Tem sempre presente a tua fé, examina-te a ti mesmo; que o Símbolo da fé seja para ti como um espelho. Olha-te nele para ver se realmente crês em todas as verdades que professas acreditar e alegra-te todos os dias na tua fé, pois esta é a tua grande riqueza».

Ou ainda: «O Símbolo é, pois, a regra da fé, compendiada de forma breve, para instruir sem sobrecarregar a memória. Com poucas palavras dizem-se coisas com as quais muito se alcança.
Chama-se Símbolo, porque com ele se reconhecem os cristãos».

Sabemos que o Credo que hoje professamos nasceu no contexto da tríplice interrogação baptismal: Crês em Deus Pai; Crês em Jesus Cristo, Crês no Espírito Santo.

A partir desta confissão trinitária desenvolveram-se ao longo dos séculos diversas fórmulas de Credo que respeitaram sempre esta fórmula trinitária e os conteúdos fundamentais da fé da Igreja. Por isso, é tão correcto e necessário dizer “sim, creio”, como confessar “sim, cremos”.

S. Ireneu exprime bem esta ideia quando afirma que «a Igreja, embora dispersa por todo o mundo até aos confins da Terra, tendo recebido dos Apóstolos e dos seus discípulos a fé, […] guarda [esta pregação e esta fé] com tanto cuidado como se habitasse numa só casa; nela crê de modo idêntico, como tendo um só coração e uma só alma; prega-a e ensina-a e transmite-a com voz unânime, como se tivesse uma só boca».