III Domingo do Advento (PDF) TEXTO

Uma fé que seja fermento

Giotto di Bondone, Baptismo de Jesus Cristo

Isaías convida o mundo inteiro a alegrar-se pela vinda do Senhor, que traz a salvação ao seu povo.

A salvação é oferecida a todos, mas o Senhor manifesta uma ternura especial para com os mais vulneráveis, os mais frágeis, os mais pobres.

Do Salmo descobrimos que há outras pessoas vulneráveis que merecem um olhar de amor especial da parte de Deus. São os habitantes das periferias existenciais de ontem e de hoje

Dado que ainda continuam a ser numerosos, devemos pedir ao Senhor que renove todos os anos o milagre do Natal, oferecendo-nos a nós mesmos como instrumentos do seu amor misericordioso pelos últimos.

Somos chamados a ser fermento numa sociedade que muitas vezes já não consegue saborear a beleza de Deus, nem experimentar a graça da sua presença.

Papa Francisco, 2015

 

 

 

Homenagem ao Sr. Pe. Colimão

A Igreja Paroquial encheu-se neste dia 03 de Dezembro para a homenagem prestada pela Comunidade de São Francisco Xavier ao seu anterior Prior, Padre António de Oliveira Colimão, numa Missa Solene em dia de São Francisco Xavier, com celebração de Santa Missa às 12h00.

A Missa foi presidida pelo Sr. Pe. Colimão e concelebrada pelo nosso Prior, Cónego José Manuel dos Santos Ferreira, e pelo Sr. Pe. Miguel Pereira.

Participaram também o Pe. João Caniço sj, o Pe. Fernando Tavares (missionário Passionista que colaborou na Paróquia durante vários anos), o Pe. Filipe Vaz Pardal, missionário nas Filipinas, e o Pe. Selfron Gracias, goês da Sociedade Missionária de São Francisco Xavier, onde o Pe. Colimão se formou.

No início da Missa Solene, o nosso Prior fez o enquadramento desta homenagem ao Sr. Pe. Colimão, recordando a feliz coincidência com a festa do nosso padroeiro.

O texto da mensagem lida pelo Cónego José Manuel dos Santos Ferreira é o seguinte:
“Hoje é a festa de S. Francisco Xavier, padroeiro desta paróquia que honrosamente leva o seu nome, e em boa hora um grupo de paroquianos, que logo se estendeu a muitos mais e a todos os que aqui estão hoje, se propôs realizar neste dia 3 de dezembro uma justíssima homenagem ao Sr. Pe. Colimão, que serviu a Paróquia de S. Francisco Xavier durante vinte e cinco anos, dedicando-lhe todo o seu entusiasmo pastoral, e todo o seu zelo, dedicação e caridade sacerdotal.

A Paróquia está-lhe profundamente agradecida, pelo que fez em seu favor, enquanto foi o seu pároco, e por tudo o que continua a fazer ainda hoje, pela sua presença sempre amiga e calorosa e pelo seu exemplo, vencida que foi, graças a Deus, a grave enfermidade que o afetou.

A Paróquia de S. Francisco Xavier, neste dia de festa, agradece a Deus o incansável zelo sacerdotal e pastoral do Sr. Pe. António Colimão, e agradece ao Sr. Pe. António Colimão o modo como a serviu ao longo de tantos anos. E pede a Deus, entre outras graças, duas, em especial: em primeiro lugar, que Deus lhe conceda as forças e a saúde que todos lhe desejamos; e, em segundo lugar, que Deus conceda à nossa paróquia, por intercessão de S. Francisco Xavier, a sabedoria, a determinação e a ousadia necessárias para dar resposta aos novos, grandes e exigentes desafios que a comunidade hoje enfrenta, na esperança de que, com a ajuda de Deus, o possamos fazer, ad maiorem Dei gloriam, para maior glória de Deus, como sempre quis fazer, e fez, o nosso santo padroeiro”.

Na homilia, o Sr. Pe. Colimão recordou a sua vida sacerdotal, desde o chamamento ao sacerdócio, até à doença que o forçou a deixar de poder continuar como nosso Prior.
Destacou que o seu principal objectivo foi, mais do que contruir um templo, o de formar uma comunidade paroquial viva e actuante, manifestando o seu agrado por ver tantos paroquianos, actuais e antigos, reunidos neste dia.

Não deixou de sublinhar as suas limitações no exercício da vida pastoral, pedindo perdão pelo que não conseguiu fazer e pelo que fez e que poderia ter feito de outra maneira. Manifestou-se sobretudo muito agradado por esta homenagem, que muito agradeceu, lhe ter sido feita em vida e não depois de regressar à Casa do Pai.

No final da celebração, a Comunidade ofereceu um livro ao Sr. Pe. Colimão com os testemunhos de cerca de meia centenas de paroquianos sobre o modo como foram tocados pelo nosso antigo Prior.

A Missa terminou com o hino a São Francisco Xavier, tocado e cantado em concanin pelo grupo Suryá..

Depois da Missa, realizou-se um almoço partilhado, bem animado, seguindo-se a inauguração do Bazar de Natal.

Ao serviço da Comunidade por 25 anos, o Padre António Colimão deixou nela fortes traços de ecumenismo, abertura aos outros independentemente do seu credo, idade ou condição, com um constante apelo à caridade, vivida em comunidade.

 

O vento/ abre furtivamente a porta/ nem o monge se apercebe

Tolentino de Mendonça

A vida espiritual é muito feita da abertura do coração àquilo que não determinamos. Andamos de lado para lado, corremos, fazemos, pedimos, queremos, mas a forma como o Espírito abre a nossa porta, entra na nossa vida, estabelece uma relação connosco é alguma coisa que não sabemos.

O Espírito é furtivo. Deus é um visitador furtivo, escondido, oculto. Como Ele entra, nós não sabemos.

Nos textos pascais lemos que as portas e as janelas do lugar onde estavam os discípulos encontravam-se cerradas, mas Jesus aparecia no meio deles. «Nem o monge se apercebe».

Sabermos isso, dá à ignorância um estatuto. Nas nossas sociedades, só a ciência e o conhecimento têm estatuto; a ignorância não o tem. O não saber, esta relação com o desconhecido, com o silêncio, com a vida furtiva, com aquilo de que nem me apercebo.

Eu tenho cinco sentidos, e precisaria de cinco mil para perceber a vida. Precisamos de valorizar a ignorância no caminho espiritual que fazemos.

Muitas vezes é o que sentimos que condiciona a expetativa que temos da presença ou da ausência: «Hoje sinto-me mais consolado»; «hoje sinto-me em desolação». Esses estados de alma dão-nos a ideia de que eles é que determinam a presença e a ausência de Deus na nossa vida. Ora, Deus está.

Deus revela-Se a Moisés no livro do Êxodo – «Eu sou para vós». Deus está quando eu penso que sim, mas está também quando eu penso que não. Essa é uma certeza que só nos vem quando aceitamos que a ignorância é um saber.

Há muitas coisas que ignoro, e eu conto com isso na síntese que faço daquilo que a vida é.

A santidade é uma forma de ciência, de sabedoria, no sentido em que é uma peregrinação, um caminho, um aberto que percorremos. É um traçado do viver.

Mas ao mesmo tempo tem de ser um viver sem porquê. Demasiadas vezes, a nossa tendência é afunilar a realidade a uma razão ou outra. Como dizia Silesius, a rosa é sem porquê.

 

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