Pentecostes (PDF)     TEXTO

Istvan Dorfmeister, Pentecostes

O Espírito é a respiração de Deus.

Naquela sala fechada, entre a respiração ampla e profunda de Deus, o oxigénio do Céu.

E como no princípio o Criador soprou o seu hálito de vida sobre Adão, assim Jesus sopra agora vida, transmite aos seus aquilo que os faz viver.

Ermes Ronchi, Avvenire

Deus abraça-nos quando nos confessamos

Papa Francisco, 2014

O sacramento da Reconciliação (confissão) é um abraço de Deus a quem o recebe.

A Reconciliação, à semelhança da Unção dos Doentes, é um sacramento de cura. Quando vou confessar-me, é para me curar: curar-me a alma, curar-me o coração por alguma coisa que fiz que não está bem.
Celebrar o sacramento da Reconciliação significa ser envolvido num abraço caloroso: é o abraço da infinita misericórdia do Pai.

A Reconciliação brota das palavras que Jesus, depois de ressuscitado, dirigiu aos apóstolos: «A paz esteja convosco. (…) Recebei o Espírito Santo. Àqueles a que perdoardes os pecados, serão perdoados».

Há uma dimensão comunitária da Reconciliação, contrapondo os argumentos de quem defende que o perdão de Deus obtém-se numa relação directa, sem mediações.

O perdão vem de fora. O perdão dos nossos pecados não é algo que possamos darmo-nos; eu não posso dizer “eu perdoo-me os pecados”.

O perdão pede-se, pede-se a um outro, e na Confissão pedimos o perdão a Jesus. O perdão não é fruto dos nossos esforços, mas é um presente, é um dom do Espírito Santo.

Só se nos deixarmos reconciliar no Senhor Jesus com o Pai e com os irmãos podemos estar verdadeiramente na paz.
Alguém pode dizer: “Eu confesso-me apenas a Deus”. Sim, podes dizer a Deus: “Perdoa-me”, e dizer os teus pecados. Mas os nossos pecados são também contra os irmãos, contra a Igreja, e por isto é necessário pedir perdão à Igreja e aos irmãos, na pessoa do sacerdote.

A vergonha que se pode ter na confissão é boa e saudável porque torna as pessoas mais humildes, e acaba por ser um sentimento que dá lugar à serenidade. Alguém que esteja na fila para se confessar sente todas estas coisas – também a vergonha – mas depois, quando termina a confissão, sai livre, grande, belo, perdoado, branco, feliz. E isto é o belo da Confissão.

Cada um responda a si mesmo no seu coração: quando foi a última vez que te confessaste? Cada um pense. Dois dias, duas semanas, dois anos, vinte anos, quarenta anos?

E se passou tanto tempo, não perder mais um dia: vai em frente, que o sacerdote será bom. E Jesus, Ele, é o melhor dos padres, e Jesus recebe-te. Recebe-te com muito amor. Sê corajoso e avança para a Confissão.

O Filho pródigo tanta culpa tinha no seu coração, e tanta vergonha. E a surpresa aconteceu quando, ao começar a falar e a pedir perdão, o pai não o deixou falar: abraçou-o, beijou-o e fez festa. Eu digo-vos: de cada vez que nós nos confessamos, Deus abraça-nos.

 

Os dons do Espírito Santo

Papa Francisco, 2017

Ciência. Faz que o cristão penetre na realidade deste mundo sob a luz de Deus; vê cada criatura como reflexo da sabedoria do Criador e como caminho a Deus. Leva o homem a compreender o vestígio de Deus que há em cada ser criado. Por este dom o cristão reconhece o sentido do sofrimento e das humilhações no plano de Deus, que liberta e purifica o homem

Entendimento / Inteligência. Ajuda a penetrar no íntimo das verdades reveladas por Deus e entendê-las. Por ele o cristão contempla os mistérios da fé. É um entendimento diferente daquele que o teólogo obtém pelo estudo; o que é penoso e lento. O dom da inteligência é eficaz mesmo sem estudo; é dado aos pequeninos e ignorantes, desde que tenham grande amor a Deus. Por esse dom conhecemos os nossos pecados e a nossa miséria. Os santos, quanto mais se aproximaram de Deus, mais tiveram consciência do seu pecado ou da sua distância de Deus.

Sabedoria. Dá um conhecimento da verdade revelada por Deus. Abrange todos os conhecimentos do cristão e põe-nos sob a luz de Deus, mostra a grandeza do plano do Criador e a sua omnipotência.

Conselho. Permite ao cristão tomar as decisões oportunas nas horas difíceis da vida, para que se comporte como verdadeiro filho de Deus. Isso, às vezes, exige coragem. Por ele o Espírito Santo inspira-nos a maneira correcta de agir no momento oportuno. “Todas as coisas têm o seu tempo” (Ecl 3); fora desse momento preciso, o que é oportuno pode tornar-se inoportuno; nem sempre é fácil discernir se é oportuno falar ou calar, ficar ou partir, dizer “sim” ou dizer “não”.

Piedade. Orienta-nos em todas as relações com Deus e com o próximo. Como filhos adoptivos de Deus, faz-nos reconhecer Deus como Pai. E, pelo fato de reconhecermos Deus como Pai, consideramos as criaturas com olhar novo. Este dom leva-nos a considerar o facto de que Deus é sumamente santo e sábio: Este dom leva os santos a desejar, acima de tudo, a honra e a glória de Deus. É também o que desperta no cristão a inabalável confiança em Deus Pai

Fortaleza. Dá-nos força para a fidelidade à vida cristã, cheia de dificuldades. Por este dom, o Espírito Santo dá-nos a coragem necessária para a luta diária contra nós mesmos, nossas paixões e problemas, com paciência, perseverança, coragem e silêncio. Dá-nos forças além das naturais. Esta força divina transforma os obstáculos em meios e dá-nos a paz mesmo nas horas mais difíceis.

Dom do Temor. Não é o temor do mercenário ou o do castigo (do escravo); mas é o temor do amor do filho. É a rejeição que o cristão experimenta diante da possibilidade de ofender a Deus; brota das entranhas do amor. Não há verdadeiro amor sem este tipo de temor. Medo de ofender o Amado. Pelo dom do temor de Deus a vitória é rápida e perfeita, pois é o Espírito que move o cristão a dizer “não” à tentação. O dom do temor de Deus está ligado à virtude da humildade, que nos faz conhecer a nossa miséria, impede a presunção e a vã glória, e assim, nos torna conscientes de que podemos ofender a Deus; daí surge o santo temor de Deus. Ele liga-se também à virtude da temperança; combate a concupiscência e os impulsos desordenados do coração, para não ofender e magoar a Deus.

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