Baptismo do Senhor (PDF) TEXTO
A força e o poder de Deus iluminam a face da Terra.
O Espírito Santo continua a assistir à Igreja de Cristo, para que ela seja – sempre e em tudo – sinal erguido diante das nações, anunciando à Humanidade
a benevolência e o amor de Deus.
Por maiores que sejam as nossas limitações, nós, homens, podemos olhar com confiança para os Céus e sentir-nos cheios de alegria: Deus ama-nos e liberta-nos
dos nossos pecados. A presença e a acção do Espírito Santo na Igreja são o penhor e a antecipação da felicidade eterna, dessa alegria e dessa paz que Deus nos prepara.
Josemaria Escrivá
Morrer para si e viver do Espírito
Enzo Bianchi
Com a festa do baptismo de Jesus conclui-se o tempo litúrgico das manifestações, epifanias, do Senhor.
Dado à luz por Maria em Belém, Jesus foi manifestado aos pastores como o Salvador e Senhor, foi manifestado no templo aos pobres de Israel que esperavam o Messias, e por fim foi manifestado aos gentios da Terra, representados pelos magos, como Rei dos Judeus. Agora, mergulhado nas águas do Jordão, manifesta-Se como o Filho amado de Deus, que faz ressoar sobre Ele a sua palavra reveladora.
Eis que aparece o Messias, “ungido” com o Espírito Santo, não com uma unção humana: Jesus, de Nazaré da Galileia. Mas como aparece, como vem? Sendo Cristo, o Filho de Deus, esperaríamos uma vinda repleta de glória, uma manifestação que se impusesse. E em vez disso estamos na presença de uma cena na qual não se evidencia nada de divino. Na longa fila de homens e mulheres que se confessam pecadores e necessitados de purificação e perdão da de Deus, está também Jesus. Ele que é «sem pecado» faz-se solidário com quantos estão em contradição com Deus e com a sua vontade, não se distingue deles gabando como diferença a própria santidade. (…)
Mas para Jesus o baptismo recebido não coincide com a purificação dos pecados, mas com o início de uma missão precisa de comunhão com os últimos, com os pecadores públicos.
Jesus, cujo nome significa “o Senhor salva”, é conotado através da sua proveniência de Nazaré, povoação da sua família e da sua infância, lugar desconhecido em todo o Antigo Testamento. Por isso será chamado “nazareno”. Sim, Jesus de Nazaré é um nome humano, humaníssimo, e é talvez por isso que no último século, no interior da espiritualidade cristã e não só, goza de uma sorte privilegiada em relação a outros títulos ou designações: isto não é um desconhecimento da sua divindade, mas responde à necessidade de afirmar a sua humanidade, que é antes de tudo solidariedade connosco, homens e mulheres. Não podemos esquecer que esta primeira manifestação pública de Jesus surgiu como escandalosa para os primeiros cristãos, que, aclamando-o na fé como Kýrios, Senhor, temiam que neste acontecimento fosse percepcionado como inferior ao Baptista.
É precisamente nesta condição “baixa” que acontece para Jesus uma manifestação de Deus, uma teofania. Enquanto sobe da água, vê os céus rasgados e o Espírito descer sobre Ele como uma pomba. Vê o que os outros não vêem, recebe uma revelação que aos outros permanece oculta. Os céus rasgaram-se sobre Ele, Jesus tem plena comunhão com Deus, a Terra e o Céu estão em comunicação.
A invocação tantas vezes elevada a Deus pelos crentes de Israel – «se Tu rasgasses os céus e descesses» – é finalmente respondida, e aqui essa resposta é-nos narrada em primeiro lugar através da imagem do voo doce e pacífico de uma pomba. (…)
O Espírito que desce sobre Ele é o mesmo Sopro que pairava sobre as águas da primeira criação, e desce agora sobre Jesus, que se torna a Morada, a “Shekinah” de Deus.
A acção de Deus, mediante a imagem da pomba, é acompanhada pela palavra pronunciada pela voz que chega do céu: «Tu és o Filho meu, o amado; em Ti pus a minha complacência».
É a palavra que revela Jesus na sua identidade mais profunda, palavra que Jesus deverá interiorizar na sua vida humana para responder plenamente à sua vocação, à sua missão, mas antes de tudo à sua verdade.
Esta primeira cena da vida de Jesus no Evangelho segundo Marcos está situada significativamente em ligação com o baptismo último e definitivo, que Jesus conhecerá como cumprimento da sua missão.
Não é por acaso que Ele interrogará os discípulos Tiago e João, perguntando-lhes: «Podereis ser imergidos nas imersões nas quais Eu estou imerso?».
A imersão nas águas da morte, da rejeição e da traição, Jesus vivê-la-á na sua paixão, que será a sua epifania sobre a cruz: Jesus crucificado entre dois pecadores, em plena solidariedade connosco, humanos, tal como começou o seu ministério. Então, quando os céus parecem fechados, ao seu expirar rasga-se o véu do templo, porque o Santo dos santos, o lugar da presença na Terra, do diálogo definitivo entre Terra e Céu, é precisamente Ele, Jesus.
O véu rasgado é o sinal de que todo o ser humano poder ter comunhão com Deus através do corpo de Jesus, corpo dador de Espírito e de vida.
Nesta festa do baptismo nós, discípulos e discípulas de Jesus, somos conduzidos a considerar o nosso Baptismo não só como acontecimento que marca o início da vida cristã, mas como dinâmica quotidiana que nos pede, no seguimento de Jesus, que morramos para nós próprios e vivamos do seu Espírito.
Deus fala de novo
Papa Francisco, Janeiro de 2015
Celebramos hoje a festa do Baptismo do Senhor, que conclui o tempo de Natal. O Evangelho descreve o que aconteceu na margem do Jordão. No momento em que João Baptista confere o baptismo a Jesus, o céu abre-se. (…)
Os céus abertos indicam que Deus doou a sua graça para que a terra produza o seu fruto. Assim a terra tornou-se a habitação de Deus entre os homens e cada um de nós tem a possibilidade de encontrar o Filho de Deus, experimentando todo o seu amor e a misericórdia infinita. Podemos encontrá-lo realmente presente nos Sacramentos, sobretudo na Eucaristia. Podemos reconhecê-lo no rosto dos nossos irmãos (…).
O Espírito Santo: o grande esquecido nas nossas orações.
Nós muitas vezes rezamos a Jesus; rezamos ao Pai, especialmente com o «Pai Nosso»; mas não rezamos com tanta frequência ao Espírito Santo, é verdade? É o esquecido. E precisamos de pedir a sua ajuda, a sua fortaleza, a sua inspiração.
O Espírito Santo que animou inteiramente a vida e o ministério de Jesus, é o mesmo Espírito que guia hoje a existência cristã, a existência de um homem e de uma mulher que se dizem e querem ser cristãos.
Pôr sob a acção do Espírito Santo a nossa vida de cristãos e a missão, que todos recebemos em virtude do Baptismo, significa reencontrar a coragem apostólica necessária para superar fáceis comodidades mundanas. Ao contrário, um cristão e uma comunidade «surdos» à voz do Espírito Santo, que estimula a levar o Evangelho aos extremos confins da terra e da sociedade, tornam-se também um cristão e uma comunidade «mudos» que não falam nem evangelizam.
Mas recordai-vos disto: rezar muitas vezes ao Espírito Santo para que nos ajude, nos dê força, nos dê inspiração e nos faça ir em frente.
Arquivo de Folhas Informativas anteriores a 25.11.2018