Epifania do Senhor (PDF) TEXTO
Epifania
Como se lê no Evangelho, «entrando em casa, [os Magos] viram o Menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, adoraram-No» (Mt 2, 11).
A adoração era o acto de homenagem reservado aos soberanos, aos grandes dignitários, os Magos adoraram Aquele que sabiam ser o Rei dos judeus (cf. Mt 2, 2).
Mas, na realidade, que viram eles? Viram um menino pobre com a sua mãe. E contudo estes sábios, vindos de países distantes, souberam transcender aquela cena tão humilde e quase deprimente, reconhecendo naquele Menino a presença dum soberano. Por outras palavras, foram capazes de «ver» para além das aparências.
Prostrando-se diante do Menino nascido em Belém, exprimiram uma adoração era primariamente interior: a abertura dos escrinhos trazidos de prenda foi sinal da oferta dos seus corações.
Papa Francisco, Homilia da Missa de 06 de Janeiro de 2021
Obrigado, Bento XVI (1925-2022)
Octávio Carmo, Agência Ecclesia (adaptado)
O Papa emérito Bento XVI, falecido no dia 31 de Dezembro de 2022, tinha sido eleito em Abril de 2005 para suceder a João Paulo II, mas tinha renunciado ao pontificado em Fevereiro de 2013, mantendo uma vida reservada no Mosteiro ‘Mater Eclesiae’, do Vaticano.
Juntamente com o seu irmão Georg, foi ordenado padre a 29 de Junho de 1951; dois anos depois, doutorou-se em teologia com a tese ‘Povo e Casa de Deus na doutrina da Igreja de Santo Agostinho’.
De 1962 a 1965, participou no Concílio Vaticano II como ‘perito’, após ter chegado a Roma como consultor teológico do cardeal Joseph Frings, arcebispo de Colónia.
Em 25 de marco de 1977, o Papa Paulo VI nomeou-o arcebispo de Munique e Frisinga; a 28 de Maio seguinte, recebeu a sagração episcopal e escolheu como lema episcopal ‘Colaborador da verdade’.
O mesmo Paulo VI criou-o cardeal, no consistório de 27 de Junho de 1977.
Em 1978, participou no Conclave, celebrado de 25 a 26 de Agosto, que elegeu João Paulo I; este nomeou-o seu enviado especial ao III Congresso Mariológico Internacional que teve lugar em Guaiaquil (Equador) de 16 a 24 de Setembro; mo mês de Outubro desse mesmo ano, participou também no Conclave que elegeu João Paulo II.
O Papa polaco nomeou o cardeal Ratzinger como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e presidente da Pontifícia Comissão Bíblica e da Comissão Teológica Internacional, em 25 de Novembro de 1981.
ELEIÇÃO
No dia 19 de Abril de 2005, o cardeal Joseph Ratzinger foi eleito como o 265.º Papa, sucedendo a João Paulo II; a 11 de Fevereiro de 2013, Dia Mundial do Doente e memória litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes, anunciaria a renúncia ao pontificado, com efeitos a partir do dia 28 do mesmo mês, uma decisão inédita em quase 600 anos de história na Igreja Católica.
“Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idóneas para exercer adequadamente o ministério petrino”.
Bento XVI realizou 24 viagens ao estrangeiro, incluindo uma visita a Portugal, entre 11 e 14 de Maio de 2010, com passagens por Lisboa, Fátima e Porto.
No total, as visitas apostólicas tiveram como destino prioritário a Europa (16), seguindo-se a América (3), o Médio Oriente (2), a África (2) e a Oceânia (1); a estas somam-se 30 deslocações em solo italiano.
ENCÍCLICAS
O falecido papa assinou três encíclicas e presidiu a três Jornadas Mundiais da Juventude (Colónia, Sydney e Madrid), para além de ter convocado cinco Sínodos dos Bispos, um Ano Paulino, um Ano Sacerdotal e um Ano da Fé.
As encíclicas, textos mais importantes do pontificado, começaram a ser publicadas em 2006, com a ‘Deus caritas est’ (Deus é amor), um texto breve que apresenta uma “fórmula sintética da existência cristã”: Deus é amor e os cristãos acreditam nesse amor, fazendo dele a “opção fundamental” da sua vida.
‘Spe salvi’ (Salvos na esperança) é o título da segunda encíclica de Bento XVI, de 2007, dedicada ao tema da esperança cristã, num mundo dominado pela descrença e a desconfiança.
A terceira encíclica, ‘Caritas in Veritate’ (A caridade na verdade), publicada em 2009, propõe uma nova ordem internacional, para governar a globalização e superar as sucessivas crises, apontando como prioridade a “reforma quer da Organização das Nações Unidas quer da arquitectura económica e financeira internacional”.
Em 2012, Joseph Ratzinger encerrou a sua trilogia sobre ‘Jesus de Nazaré’ com um livro sobre a infância de Cristo.
PONTIFICADO
A 18 de Abril, Bento XVI tornou-se o terceiro Papa a discursar na sede da ONU, depois de Paulo VI, em 1965, e João Paulo II, em 1979 e 1995.
A promoção dos direitos humanos continua a ser a estratégia mais eficaz para eliminar a desigualdade entre os países e os grupos sociais, como também para construir um maior sentimento de segurança”, afirmou, numa intervenção longamente aplaudida, em Nova Iorque.
Entre os temas centrais do pontificado estiveram as críticas ao relativismo e ao secularismo da sociedade ocidental, a preocupação com as questões bioéticas – aborto, eutanásia, investigação em embriões – e da família, para além da crise financeira e das questões ecológicas.
Face à crise provocada pelos casos abusos sexuais cometidos por membros do clero ou em instituições católicas de vários países, Bento XVI encontrou-se com vítimas em várias viagens, demitiu bispos e reformou a legislação da Igreja, neste campo.
A 8 de Fevereiro de 2022, o Papa emérito divulgou uma carta, após acusações de má gestão de casos de abusos sexuais, enquanto arcebispo de Munique, pedindo perdão a todas as vítimas destas situações.
Neste pontificado foram canonizados 44 santos em 10 cerimónias, incluindo o português Nuno de Santa Maria, D. Nuno Álvares Pereira, a 26 de Abril de 2009; Portugal passou a contar também com duas novas beatas: Rita Amada de Jesus (beatificada a 28 de Maio de 2006, em Viseu) e a Madre Maria Clara (21 de Maio de 2011, Lisboa).
Nos 2872 dias do seu pontificado, Bento XVI escreveu 17 cartas apostólicas sob forma de motu proprio,116 constituições apostólicas e 144 cartas apostólicas, além de outras cartas e mensagens, discursos e homilias.
A 28 de Junho de 2016 fez-se história no Vaticano com o regresso do Papa emérito Bento XVI ao palácio apostólico, para uma homenagem por ocasião do seu 65.º aniversário de ordenação sacerdotal.
OBRIGADO
O Papa Francisco, que visitou regularmente o seu antecessor, afirmou num texto de homenagem ao seu predecessor que a Igreja Católica tem uma “grande dívida” para com Bento XVI.
A 29 de Junho de 2021, Francisco assinalou o 70.º aniversário de sacerdócio de Bento XVI, agradecendo pelo seu testemunho de vida e de oração pela Igreja.
“Obrigado, Bento, querido pai e irmão, obrigado pelo teu testemunho credível, obrigado pelo teu olhar continuamente dirigido para o horizonte de Deus. Obrigado”, disse, no Vaticano.