Domingo II do Advento (PDF) TEXTO
ADVENTO : Conversão
Os primeiros passos da Igreja no mundo foram marcados pela oração.
Os escritos apostólicos e a grande narração dos Actos dos Apóstolos restituem-nos a imagem de uma Igreja em caminho, uma Igreja operativa, que, no entanto, encontra nas reuniões de oração a base e o impulso para a acção missionária.
Há quatro características essenciais da vida eclesial: a escuta do ensinamento dos apóstolos, a salvaguarda da comunhão recíproca, a fracção do pão e a oração. Elas recordam-nos que a existência da Igreja tem sentido se estiver solidamente unida a Cristo, isto é, na comunidade, na sua Palavra, na Eucaristia e na oração.
É a maneira de unirmo-nos, nós, a Cristo.
Papa Francisco, 25 Nov 2020
Advento, Tempo de Reconciliação
D. Manuel Clemente, 2015
Neste II Domingo do Advento, este trecho do Evangelho que nos recorda João Baptista e o seu apelo à penitência não é uma história antiga, do passado… É uma história recente e muito actual!
Porque ele está hoje a dizer-nos que o Senhor vem e que nós temos de nos preparar para O escutar na sua Palavra, para O receber no seu Sacramento e corresponder à sua generosidade com a nossa vida.
É hoje!
Neste sentido, a melhor concretização deste Evangelho é – já hoje – a Eucaristia dominical…
Se nós efectivamente nos convertermos!
Não há Eucaristia sem penitência!
De tal modo que participar na Eucaristia e comungar implica muitas vezes o próprio sacramento da Penitência ou da Reconciliação.
E o Advento é um tempo fundamental para isso: para nós acorrermos mais à graça do sacramento da Penitência e ficarmos, assim, mais livres e disponíveis para acolher o Senhor que vem.
Isto alarga-se depois da missa para a vida de todos os dias, porque sabemos que a presença de Jesus se reproduz depois em cada irmão, em cada pessoa; mas, para que isso aconteça, é necessário um coração convertido às coisas de Deus – não é às coisas: é às coisas de Deus e, se quisermos, a Deus nas coisas, porque depois elas ficam preenchidas de outra intencionalidade, de outra verdade, como apelos de Deus, como dons.
Se não tivermos um coração disponível, convertido, Ele pode vir, mas não daremos por isso…
E, depois, pode nascer, mas não terá lugar na hospedaria do nosso coração, como não teve lugar em Belém.
Portanto, isto é qualquer coisa de dramático.
Nós, hoje, devemos reproduzir as palavras de João Baptista até pelo nosso comportamento, para que a nossa conversão seja efectiva e para induzirmos os outros a converterem-se também – pela nossa atitude, e não apenas pela nossa palavra!
A evangelização é um movimento contínuo que se alarga neste movimento de conversão.
João Baptista faz apelo à penitência e cada acto penitencial vai no mesmo sentido. Possamos nós também ter o coração neste movimento de conversão, porque Deus está à espera disso para poder nascer.
Reconhecer os vazios da nossa vida
Papa Francisco, Angelus, Praça de São Pedro, 10 de Dezembro de 2017
No domingo passado iniciámos o Advento com o convite a vigiar: hoje, segundo domingo deste tempo de preparação para o Natal, a liturgia indica-nos os seus conteúdos específicos: é um tempo para reconhecer os vazios a serem preenchidos na nossa vida, para aplainar as asperezas do orgulho e dar espaço a Jesus que vem.
O profeta Isaías dirige-se ao povo, anunciando o fim do exílio na Babilónia e o regresso a Jerusalém.
Ele profetiza: «Uma voz clama: “Preparai no deserto um caminho para o Senhor […] todo o vale seja alterado”».
Os vales a serem alterados representam todos os vazios do nosso comportamento diante de Deus, todos os nossos pecados de omissão. Um vazio na nossa vida pode ser o facto de não rezarmos ou de rezarmos pouco. Portanto, o Advento é o tempo favorável para rezar com mais intensidade, para reservar à vida espiritual o lugar importante que lhe compete.
Outro vazio poderia ser a falta de caridade para com o próximo, sobretudo para com as pessoas mais necessitadas de ajuda não só material, mas também espiritual.
Somos chamados a estar mais atentos às necessidades dos outros, mais próximos.
Como João Baptista, deste modo podemos abrir caminhos de esperança no deserto dos corações áridos de tantas pessoas.
«Toda a colina e toda a montanha sejam abaixadas», exorta ainda Isaías. Os montes e as colinas que devem ser abaixadas são o orgulho, a soberba, a prepotência. Onde há orgulho, onde há prepotência, onde há soberba o Senhor não pode entrar porque aquele coração está cheio de orgulho, de prepotência, de soberba. Por isso, devemos abaixar este orgulho.
Devemos assumir atitudes de mansidão e de humildade, sem gritar, ouvir, falar com mansidão para preparar assim a vinda do nosso Salvador, Ele que é manso e humilde de coração.
Depois é-nos pedido para eliminar todos os obstáculos que levantamos contra a nossa união com o Senhor: «todos os cumes sejam aplainados e todos os terrenos escarpados sejam nivelados! Então a glória de Deus – diz Isaías – manifestar-se-á e todas as criaturas juntamente a verão».
Mas estas acções devem ser realizadas com alegria, porque se destinam à preparação da chegada de Jesus.
Quando esperamos em casa a visita de uma pessoa querida, predispomos tudo com esmero e felicidade. Ao mesmo tempo, queremos predispor-nos para a vinda do Senhor: esperar todos os dias com solicitude, para sermos colmados com a sua graça quando le vier.
O Salvador que aguardamos é capaz de transformar a nossa vida com a sua graça, com a força do Espírito Santo, com a força do amor.
Com efeito, o Espírito Santo derrama nos nossos corações o amor de Deus, fonte inexaurível de purificação, de vida nova e de liberdade.
A Virgem Maria viveu em plenitude esta realidade, deixando-se “baptizar” pelo Espírito Santo que a inundou com o seu poder. Ela, que preparou a vinda de Cristo com a totalidade da sua existência, nos ajude a seguir o seu exemplo e guie os nossos passos ao encontro do Senhor que vem.