XXXII Domingo do Tempo Comum (PDF) TEXTO

Para além da morte

Mariotto Albertinelli, Criação do homem

O erro da argumentação dos saduceus, responderá Jesus, consiste em procurar a fé nos nossos raciocínios.

Os pensamentos de Deus não são os nossos, e os seus caminhos não são os nossos.
Jesus apoia a sua fé unicamente sobre a Escritura: de cada vez que uma pergunta Lhe é colocada, Ele procura a resposta na Escritura. Os saduceus utilizam a Escritura, mas não se aprendem dela; citam-na em vez de a sondar.
Jesus, ao contrário, procura na Escritura a revelação que ela nos traz sobre Deus.

A morte não ameaça as promessas que Deus dirigiu aos Patriarcas e aos seus descendentes. A sua Aliança atravessa a morte. Ele firma com cada um de nós, e nós todos em conjunto, um laço de amor que nada pode destruir.

Para lá da morte, como diz S. João, seremos semelhantes a Ele. Por agora, o que nós seremos ainda não aparece claramente… Mas depois seremos à sua imagem.

Marie-Noëlle Thabut, 2013

Paróquia: local para «construir fraternidade»

Papa Francisco, extratos da Mensagem aos Jovens da Acção Católica, Outubro 2022

Lorenzo e Jacopo Salimbeni, A Vida de S. João Baptista – Visitação

A paróquia: a raiz está na paróquia.
Eu sou de outra geração. Nasci e cresci num contexto social e eclesial diferente, quando a paróquia – com o seu pároco – era um ponto de referência central para a vida do povo: a missa dominical, a catequese, os sacramentos… A realidade sociocultural em que vivemos mudou muito; e há algum tempo, a missão da Igreja foi repensada, em particular a paroquial.

Mas, em tudo isso, uma coisa permanece essencial: para nós, para o nosso caminho de fé e crescimento, a experiência paroquial foi e é importante, insubstituível. É o ambiente “normal” onde aprendemos a ouvir o Evangelho, a conhecer o Senhor Jesus, a oferecer um serviço gratuito, a rezar em comunidade, a partilhar projectos e iniciativas, a sentir-nos parte do povo santo de Deus. Aprende-se tanto ao fazer parte de uma comunidade cristã: participar, compartilhar, colaborar e rezar juntos…

Isto é muito importante: aprender pela experiência que na Igreja somos todos irmãos pelo Baptismo; que todos somos protagonistas e responsáveis; que temos dons diversos e todos para o bem da comunidade; que a vida é uma vocação, seguir Jesus; que a fé é um dom a ser dado, um dom a ser testemunhado.

O cristão interessa-se pela realidade social e dá o seu próprio contributo; que o nosso lema não é “eu não me importo”, mas “eu importo-me!”.

Aprendemos que a miséria humana não é um destino que atinge alguns infelizes, mas quase sempre é fruto de injustiças a serem erradicadas.
Estas realidades da vida são muitas vezes aprendidas na paróquia. Quantos jovens deram o seu testemunho tanto na Igreja como na sociedade, nas várias vocações e sobretudo como fiéis leigos, que continuaram o estilo de vida amadurecido como jovens na paróquia como adultos e idosos.

Somos de gerações diferentes, mas temos em comum o amor pela Igreja e a paixão pela paróquia, que é a Igreja no meio das casas, no meio do povo.

Jovem, queres contribuir para que a Igreja cresça na fraternidade. Como fazer isso?

Em primeiro lugar, não se assustem se nas comunidades virem que a dimensão comunitária é um pouco fraca. Hoje os jovens são diferentes em relação há 50 anos atrás: não há quase o desejo de realizar reuniões, debates, assembleias… Por um lado, é uma coisa boa, a Igreja não avança com reuniões! Mas, por outro lado, o individualismo, o fechamento em privado ou em pequenos grupos, a tendência para se a relacionar “à distância” também contagiam as comunidades cristãs. Todos somos um pouco influenciados por essa cultura egoísta. Então há que reagir, começando com um trabalho em si próprio.

É uma jornada exigente e requer constância.
A fraternidade não se improvisa e não se constrói apenas com emoções, slogans, eventos… é um trabalho que cada um faz em si mesmo junto com o Senhor, com o Espírito Santo, que cria harmonia entre as diversidades. (Caminhos de fraternidade, nºs 163 a 167. Christus vivit).

O Espírito de Jesus Ressuscitado faz-nos sair de nós mesmos, abre-nos ao encontro. A fraternidade na Igreja funda-se em Cristo, na sua presença em nós e entre nós. Graças a Ele nos acolhemos, suportamos uns aos outros e nos perdoamos.
Se um cristão está em Cristo, se é irmão no Senhor, se é animado pelo Espírito, só pode ser fermento onde vive.

 

O Tesouro da Igreja

Mensagem do Papa para o Dia Mundial dos Pobres (13 de Novembro)

O Papa alertou para o impacto da guerra na Ucrânia sobre as populações mais desfavorecidas do mundo, apontando a um agravamento da situação de pobreza, a nível global.
“Nestes momentos, a razão fica obscurecida e quem sofre as consequências é uma multidão de gente simples, que vem juntar-se ao número já elevado de pobres. Como dar uma resposta adequada que leve alívio e paz a tantas pessoas, deixadas à mercê da incerteza e da precariedade?”, questiona, na sua mensagem para o VI Dia Mundial dos Pobres.

Esta jornada celebra-se em 2022 a 13 de Novembro, penúltimo domingo do ano litúrgico, com o tema ‘Jesus Cristo fez-Se pobre por vós’
(cf. 2 Cor 8, 9).

Francisco denuncia a “insensatez da guerra”, que gera novas formas de pobreza, atingindo em particular “as pessoas indefesas e frágeis”.

O texto elenca, entre as consequências da violência, a “deportação de milhares de pessoas, sobretudo meninos e meninas”, ou, para quem fica nas zonas de confronto, “o medo e a carência de comida, água, cuidados médicos e sobretudo com a falta de afecto familiar”.

“Milhões de mulheres, crianças e idosos veem-se constrangidos a desafiar o perigo das bombas para pôr a vida a salvo, procurando abrigo como refugiados em países vizinhos”, acrescenta.

O Papa destaca que os cenários mais optimistas para o pós-pandemia, que prometiam “alívio a milhões de pessoas empobrecidas pela perda do emprego”, foram alterados pela guerra na Ucrânia, uma “nova catástrofe”.

O conflito no leste da Europa, indica Francisco, “veio juntar-se às guerras regionais que, nestes anos, têm produzido morte e destruição”.
“Aqui, porém, o quadro apresenta-se mais complexo devido à intervenção directa duma ‘superpotência’, que pretende impor a sua vontade contra o princípio da autodeterminação dos povos”, adverte.

A mensagem saúda quem se mostrou disponível para abrir as portas a fim e acolher “milhões de refugiados das guerras no Médio Oriente, na África Central e, agora, na Ucrânia”.

Francisco observa, contudo, que a persistência dos conflitos “agravam as suas consequências” e tornam mais difícil esta resposta solidária.
“Este é o momento de não ceder, mas de renovar a motivação inicial. O que começamos precisa de ser levado a cabo com a mesma responsabilidade”, apela.

O Papa saúda o “significativo crescimento do bem-estar de muitas famílias” nos vários continentes, como “resultado positivo da iniciativa privada e de leis que sustentaram o crescimento económico, aliado a um incentivo concreto às políticas familiares e à responsabilidade social”.

“Possa este património de segurança e estabilidade alcançado ser agora partilhado com quantos foram obrigados a deixar as suas casas e o seu país para se salvarem e sobreviverem”, deseja.

Francisco convida a reflectir sobre a “experiência de fragilidade e limitação”, provocada pela Covid-19, e a “tragédia” da guerra na Ucrânia, com repercussões globais.
“Não estamos no mundo para sobreviver, mas para que, a todos, seja consentida uma vida digna e feliz. A mensagem de Jesus mostra-nos o caminho e faz-nos descobrir a existência duma pobreza que humilha e mata, e há outra pobreza – a dele – que liberta e nos dá serenidade”, aponta.

A mensagem do Papa para a celebração de 2022 foi assinada, simbolicamente, a 13 de Junho, dia da festa litúrgica de Santo António.

Agência Ecclesia

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