Domingo III da Páscoa (PDF)     TEXTO

Nossa Senhora com Menino Jesus. Trabalho em madeira séc. XVIII

É meio-dia. Vejo a igreja aberta. Tenho de entrar.

Mãe de Jesus, hoje não vos venho pedir nada.

Nada tenho para oferecer nem para pedir.

Venho somente para vos poder ver.

Olhar-vos, chorar de felicidade por saber que sou vosso filho  e que vós sois minha Mãe.

Paul Claudel

 

 

Ao romper da manhã, Jesus apresentou-Se na margem

São Gregório Magno

O mar simboliza o mundo actual, batido pelas ondas tumultuosas das nossas ocupações e pelos turbilhões de uma vida caduca.

E a terra firme da margem representa a perpetuidade do descanso eterno.

Os discípulos afadigam-se no lago porque ainda estão presos nas ondas da vida mortal, mas o nosso Redentor, depois da sua ressurreição, permanece na margem, uma vez que já ultrapassou a condição da fragilidade da carne.

É como se Ele tivesse querido servir-Se dessas coisas para falar aos seus discípulos do mistério da sua ressurreição, dizendo-lhes: «Já não vos apareço no mar, porque já não estou entre vós, no meio da agitação das ondas».

 

A última audiência geral de Bento XVI: espiritualidade e missão

Neste momento há em mim uma grande confiança porque sei, sabemos todos, que a Palavra da verdade do Evangelho é a força da Igreja, é a sua vida.

O Evangelho purifica e renova, dá fruto onde a comunidade de crentes o escuta e acolhe a graça de Deus na verdade e na caridade. Esta é a minha confiança, esta é a minha alegria.

Quando, a 19 de Abril de há quase oito anos, aceitei assumir o ministério petrino, tive a firme convicção que sempre me acompanhou: esta certeza da vida da Igreja a partir da Palavra de Deus. Naquele momento, como já expressei várias vezes, as palavras que ressoaram no meu coração foram: Senhor, por que me pedes isto e o que me pedes? É um grande peso aquele que pões sobre os ombros, mas se Tu mo pedes, sobre a tua palavra lançarei as redes, certo que Tu me guiarás, mesmo com todas as minhas fraquezas.

E oito anos depois posso dizer que o Senhor me guiou, foi-me próximo, pude sentir a sua presença todos os dias. Foi uma parte do caminho da Igreja, que teve momentos de alegria e luz, mas também momentos difíceis; senti-me como São Pedro com os Apóstolos na barca sobre o Mar da Galileia: o Senhor deu-nos muitos dias de sol e brisa leve, dias em que a pesca foi abundante; houve também momentos em que as águas eram agitadas e o vento contrário, como em toda a história da Igreja, e o Senhor parecia dormir.

Mas eu sempre soube que o Senhor está naquele barca, e sempre soube que a barca da Igreja não é minha, não é nossa, mas d´Ele. E o Senhor não a deixa afundar; é Ele que a conduz, certamente através dos homens que escolheu, porque assim o quis.

Esta foi e é uma certeza, que nada pode obscurecer. E é por isso que hoje o meu coração está cheio de gratidão a Deus porque nunca fez faltar a toda a Igreja, e também a mim, a sua consolação, a sua luz, o seu amor.

Estamos no “Ano da Fé”, que eu quis para reforçar a nossa fé em Deus, num contexto que parece colocá-la sempre mais em segundo plano.
Gostaria de convidar todos a renovar a firme confiança no Senhor, a confiar-nos como crianças nos braços de Deus, certos que esses braços nos apoiam sempre e são o que nos permite caminhar todos os dias, mesmo na fadiga.

Gostaria que cada um se sentisse amado por aquele Deus que deu o seu Filho por nós e nos mostrou o seu amor sem limites.
Gostaria que cada um sentisse a alegria de ser cristão.

Numa bela oração que se recita todas as manhãs, diz-se: «Adoro-te, meu Deus, e amo-te com todo o coração. Agradeço-te por me teres criado, feito cristão…».

Sim, estamos felizes pelo dom da fé; é o bem mais precioso, que ninguém nos pode tirar! Agradeçamos ao Senhor por todos os dias, com a oração e com uma vida cristã coerente. Deus ama-nos, mas espera que também nós o amemos!

 

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