II Domingo do Advento (PDF) TEXTO

Preparar a vinda do Senhor

Jean Gossart, Cristo entre a Virgem Maria e João Baptista

Em quem está para acolher a fé em Jesus Cristo é necessário que venham o espírito e a força de João, para preparar um homem bem-disposto, para aplanar e endireitar as asperezas do seu coração.

João precedeu o Cristo, indicou-O, mas ainda hoje prepara-nos para a sua vinda: por isso, juntamente com Maria, é a grande figura que nos acompanha no tempo do Advento, da vinda do Senhor.

João suscita perguntas apenas com a sua presença, com a sua vida, e pede a todos para discernirem sobre Cristo que já está presente e é reconhecido como aquele que vem e que o segue, mas passou-lhe à frente, porque era Filho da eternidade.

Enzo Bianchi, In Monastero di Bose

 

 

 

Mudar para preparar o caminho ao Senhor

Papa Francisco, 2018

Igreja da Misericórdia, Anunciação

Para preparar o caminho ao Senhor que vem é necessário considerar as exigências de uma conversão para a qual o Baptista convida.

Antes de tudo, somos chamados a aterrar os vales produzidos pela frieza e pela indiferença, abrindo-nos aos outros com os mesmos sentimentos de Jesus, isto é, com cordialidade e atenção fraterna que se ocupam das necessidades do próximo.

Não podemos ter um relacionamento de amor, de caridade, de fraternidade com o próximo se há “buracos”. Isto exige que mudemos de atitude.

Quantas pessoas, talvez até sem se dar conta, são soberbas, ásperas, não mantêm um relacionamento de cordialidade. É necessário superar isto através de gestos concretos de reconciliação com os nossos irmãos, de pedido de perdão das nossas culpas. Não é fácil reconciliar-se. Pensamos sempre: “quem dará o primeiro passo?”. O Senhor ajudar-nos-á nisto, se tivermos boa vontade.

O crente é aquele que, através da sua proximidade ao irmão, como João Baptista, abre caminhos no deserto, indica perspectivas de esperança até em contextos existenciais impenetráveis, marcados pela falência e pela derrota.
Não nos podemos render diante das situações negativas de fechamento e rejeição; não nos devemos deixar submeter pela mentalidade do mundo, porque o centro da nossa vida é Jesus com a sua palavra de luz, amor e consolação. É Ele!

O Baptista exortava com força, vigor e severidade as pessoas do seu tempo à conversão. Contudo, sabia ouvir e realizar gestos de ternura, gestos de perdão para com a multidão de homens e mulheres que iam ter com ele para confessar os próprios pecados e para receber o batismo de penitência.

O testemunho de João ajuda-nos a ir em frente no nosso testemunho de vida. A pureza do seu anúncio, a sua coragem ao proclamar a verdade conseguiram despertar as expectativas e as esperanças do Messias que há muito tempo estavam adormecidas. Também hoje, os discípulos de Jesus são chamados a ser as suas humildes, mas corajosas, testemunhas para reacender a esperança, para fazer compreender que, não obstante tudo, o reino de Deus continua a ser construído dia a dia com o poder do Espírito Santo.

 

Esperamos por Ti, Senhor

Pe. Tolentino, 21.11.2022

Mesmo quando não parece, Senhor, esperamos por Ti. Esperamos-Te em plena manhã, quando a vida se diria apenas cúmplice do sonho e da luz, e o mundo em redor nos encara com a leveza dos propósitos claros.

Esperamos por Ti, Senhor, na nossa hora meridiana, quando pela primeira vez nos sabemos adultos, e compreendemos que nem sempre estamos à altura daquilo que a vida propõe na sua incrível intensidade. Quando em contramão somos levados a constatar que a luz, em nós, vai ficando também como que soterrada pelo peso da hesitação e da sombra; suspensa entre o desejo, a dúvida e o desalento.

Esperamos por Ti, Senhor, nas estações de entusiasmo, onde sentimos que miraculosamente todos os elementos convergem e coincidem, como se a existência fosse uma harmoniosa dança que se desdobra, e só isso. Mas também Te esperamos na estranheza e solidão, quando experimentamos o tecido do mundo como desmesurado, insustentável e até hostil.

Esperamos por Ti, Senhor, na alegria que solta no tempo uma música inesquecível, na doçura inocente que os risos transcrevem, no sentido vibrante e uníssono dos momentos de comunhão, quando a existência como que se extasia perante Ti. Mas também Te esperamos quando os dias avançam cambaleantes e tudo de repente se torna ameaçado pelo desequilíbrio ou pela perda; quando a dor passa a ser o idioma que o nosso quotidiano exprime ou nos sentimos desautorizados e vazios, sem saber o que dizer.

Esperamos por Ti, Senhor, quando tudo se acende ou se apaga; quando o sentido se abre como revelação ou nos resiste como enigma; quando nos vemos por dentro como terra queimada ou como um campo de malmequeres a sonhar; quando nos sentimos perdidos no emaranhado desconhecido ou nos sabemos reencontrados por Ti, ó Deus que conheces o nosso coração e o nosso nome.

Esperamos por Ti, Senhor. A nossa vida inteira é o Teu Advento.

 

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