Domingo I do Advento (PDF) TEXTO

Ser vigilantes

Leopold Kupelwieser, A viagem dos três reis

Devemos ser vigilantes na oração, ativos na caridade, exultantes no louvor.

Ou seja, devo rezar com vigilância; devo ser ativo na caridade (fraterna) e ter a alegria de louvar o Senhor. Portanto, não só dar esmolas, mas tolerar quem me incomoda, em casa tolerar as crianças quando fazem muito barulho, ou o marido ou a esposa quando há dificuldades, ou a sogra. Uma caridade ativa. Assim devemos viver esta via, a vontade de encontrar o Senhor.

Para o encontrar bem. Não fiquemos parados.
Mas no momento do encontro haverá uma surpresa, porque Ele é o Senhor das surpresas.
Estou a caminho para O encontrar e Ele está a caminho para me encontrar, e quando nos encontramos vemos que a grande surpresa é que Ele me procura antes que eu comece a procurá-l’O.

Papa Francisco, 2016

 

O Advento vai começar

Giacomo Gambassi , 2017

A origem do Advento
O termo Advento deriva da palavra “vinda”, em latim “adventus”. O vocábulo pode traduzir-se por “presença”, “chegada”, “vinda”. Na linguagem do mundo antigo era um termo técnico utilizado para indicar a chegada de um funcionário, a visita do rei ou do imperador a uma província. Mas podia indicar também a vinda da divindade, que desce do seu escondimento para manifestar-se com poder, ou que é celebrada presente no culto.

Os cristãos adotaram a palavra Advento para exprimir a sua relação com Cristo: Jesus é o Rei, entrado nesta pobre “província” denominada de “Terra” para todos visitar; na festa do seu advento faz participar todos os que crêem nele. Com a palavra “adventus” queria-se substancialmente dizer: Deus está aqui, não Se retirou do mundo, não nos deixou sós. Mesmo que não O possamos ver e tocar como acontece com as realidades sensíveis, Ele está aqui e vem visitar-nos de múltiplos modos.

O tempo da espera e as leituras
O Advento é o tempo da espera, celebrando a vinda de Deus nos seus dois momentos: a primeira parte do Advento convida a despertar a espera do regresso glorioso de Cristo; depois, aproximando-se o Natal, a segunda parte remete para o mistério da Incarnação (Jesus que se faz carne) e apela a acolher o Verbo feito homem para a salvação de todos. Isto é explicado no primeiro prefácio do Advento, ou seja, a oração que “abre” a liturgia eucarística dentro da missa, após o Ofertório.

Nela sublinha-se que o Senhor «veio a primeira vez, na humildade da natureza humana, realizar o eterno desígnio do vosso amor e abrir-nos o caminho da salvação; de novo há-de vir, no esplendor da sua glória, para nos dar em plenitude os bens prometidos que, entretanto, vigilantes na fé, ousamos esperar».
As leituras bíblicas das missas testemunham esta divisão do Advento.

Até ao terceiro domingo a liturgia focaliza-se na espera do regresso do Senhor.
Depois marca de maneira mais específica a espera e o nascimento de Jesus.

Maria, ícone do Advento
O tempo do Advento tem como ícone a Virgem.
O papa Francisco realçou que Maria é o “caminho” que o próprio Deus Se preparou para vir ao mundo e é ela que tornou possível a incarnação do Filho de Deus, “a revelação do mistério, envolvido no silêncio durante séculos eternos” graças ao seu “sim” humilde e corajoso.

A presença da solenidade da Imaculada Conceição faz parte do mistério que o Advento celebra: Maria é protótipo da humanidade redimida, o fruto mais excelso da vinda redentora de Cristo.

São Francisco Xavier: a paixão pela evangelização

Papa Francisco, 2023

Xavier é o padroeiro das missões. Mas um missionário é grande quando vai.
São Francisco Xavier nasce numa família nobre mas pobre, de Navarra, no norte da Espanha, em 1506. Vai estudar em Paris – é um jovem mundano, inteligente, capaz. Lá encontra Inácio de Loyola, com quem faz os exercícios espirituais e muda de vida. Ele deixa toda a sua carreira mundana para se tornar missionário. Torna-se jesuíta, emite os votos. Depois torna-se sacerdote e vai evangelizar, enviado para o Oriente. Naquele tempo as viagens dos missionários ao Oriente eram um envio rumo a mundos desconhecidos. Ele vai porque está cheio de zelo apostólico.

Parte assim o primeiro de um numeroso exército de missionários apaixonados dos tempos modernos, prontos a suportar dificuldades e perigos imensos, a chegar a terras e a encontrar povos de culturas e línguas totalmente desconhecidas, impelidos unicamente pelo fortíssimo desejo de dar a conhecer Jesus Cristo e o seu Evangelho.

Em pouco mais de onze anos, realizará uma obra extraordinária. Naquela época, as viagens de navio eram deveras árduas e perigosas. Muitos morriam durante a viagem, devido a naufrágios ou doenças. Hoje, infelizmente morrem porque os deixamos morrer no Mediterrâneo… Francisco Xavier passa nas naus mais de três anos e meio, um terço de toda a duração da sua missão.

Quando chega a Goa, na Índia, capital do Oriente português, a capital cultural e também comercial, Francisco Xavier estabelece lá a sua base, mas não permanece lá. Vai evangelizar os pescadores pobres da costa meridional da Índia, ensinando o catecismo e orações às crianças, batizando e curando os enfermos. Depois, durante uma prece noturna diante do túmulo do apóstolo São Bartolomeu, sente que deve ir além da Índia. Deixa em boas mãos a obra já encetada e zarpa corajosamente para as Molucas, as ilhas mais longínquas do arquipélago indonésio. Para estas pessoas não existiam horizontes, elas iam além… Que coragem tinham estes santos missionários!

Xavier, nas Molucas, põe o catecismo em versos na língua local e ensina a entoar o catecismo, pois com o canto aprende-se melhor. Os seus sentimentos, sabemo-lo através das suas missivas: «Os perigos e os sofrimentos, aceites voluntária e unicamente por amor e serviço a Deus nosso Senhor, são tesouros ricos de grandes consolações espirituais. Aqui, em poucos anos, poder-se-ia perder os olhos pelas demasiadas lágrimas de alegria!».
Na Índia, encontra um japonês que lhe fala do seu país, onde ainda não tinha ido nenhum missionário europeu. Francisco Xavier tinha a inquietação do apóstolo, de ir além, e decide partir o mais depressa possível; chega ali após uma viagem no junco de um chinês. Os três anos no Japão são muito árduos, devido ao clima, às oposições e ao desconhecimento da língua.

O grande sonhador, no Japão, compreende que o país decisivo para a missão na Ásia era outro: a China. Com a sua cultura, história e grandeza, exercia um predomínio sobre aquela parte do mundo. Por isso, regressa a Goa e pouco depois volta a embarcar, na esperança de poder entrar na China. Mas o seu plano falha: morre às portas da China, na ilha de Sanchoão, na vã espera de poder desembarcar em terra firme. A 3 de dezembro de 1552, morre em total abandono, só há um chinês ao seu lado para o vigiar. Assim termina a viagem terrena de Francisco Xavier.
A sua atividade intensa estava sempre vinculada à oração, à união mística e contemplativa com Deus, onde estava a sua força. Onde quer que se encontrasse, tinha grande cuidado com os doentes, os pobres e as crianças. Não era um missionário “aristocrático”.

São Francisco Xavier, que realizou este empreendimento grandioso, em tanta pobreza e com tanta coragem, nos conceda um pouco deste zelo para viver e anunciar o Evangelho.

 

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