Domingo da Epifania do Senhor (PDF)  TEXTO

Epifania, Monges Beneditinos

Os magos deixaram a sua terra, o seu mundo, e empreenderam uma longa viagem; impelidos pela sua sede de verdade e salvação, caminharam com perseverança para uma meta, porque Deus faz-Se encontro a quem O procura com sinceridade.

E não foram sós: levaram consigo a sua cultura, a sua identidade, a sua história, tudo oferecendo ao Salvador.

O seu encontro com o Messias, porém, não marcou o fim da sua procura: continuaram a caminhar «seguindo outra estrada», como diz Mateus, ou seja, prosseguindo a sua procura da verdade de maneira diferente.

A partir do seu exemplo, nós, cristãos, estamos dispostos a procurar com humildade aquela verdade que sempre nos precede e que, no fim da história, nos acolherá, juntamente com todos os homens, no Reino?

Enzo Bianchi

 

Um ano novo começa

Cónego José Manuel dos Santos Ferreira

Adoração dos pastores, George la Tour

O tempo passa depressa, mais um ano termina, e um Ano Novo começa. Ao longo dos séculos e dos milénios, tantas vidas passaram, e tantas vidas começaram, e tantas alegrias, projectos, tristezas e esperanças se abraçaram e sucederam nos corações dos homens! Agora mesmo, neste instante, tantas vidas terminam, e tantas estão a começar!

O que pedimos neste início de um novo ano é que todas sejam envolvidas pela bênção de Deus! E que a experiência da fragilidade da vida humana, que todos estamos a ter, em grande medida devida à actual pandemia, nos leve a procurar – e a encontrar – o sentido mais profundo da nossa existência e do próprio tempo e da história, na sua marcha incessante.

Os cristãos acreditam que, no centro do tempo e da história, está Jesus Cristo, Filho de Deus feito homem.
Por isso é que a Igreja nos convida, oito dias depois do Natal, a irmos de novo ao presépio de Belém e a olhar de novo aquele Menino recém-nascido. No Evangelho que se lê na missa do dia 1 de Janeiro, S. Lucas conta-nos que “os pastores se dirigiram apressadamente para Belém, e encontraram Maria, José e o Menino, deitado na manjedoura”.

Somos convidados a fixar os olhos neste Menino, em que a fé reconhece Deus feito homem, Deus presente, Deus ao nosso lado, Deus absolutamente solidário connosco e, mais ainda, Deus salvador, como indica o nome de Jesus que Lhe foi dado, oito dias depois do seu Nascimento.

As dificuldades e exigências próprias de um tempo de pandemia são um convite a reconhecer a presença de Deus, mesmo nos momentos difíceis ou dolorosos, e também um apelo a estarmos ainda mais atentos aos outros, que poderemos ajudar de tantos modos.

Neste espírito, desejo a todos os Paroquianos um novo ano vivido com fortaleza e esperança, e com a capacidade de descobrir em todos os momentos a presença de Deus, com os grandes desafios que nos faz, as novas missões que nos confia e as graças ilimitadas que nos oferece.

Com os mais sinceros votos de um Bom Ano Novo, do prior de São Francisco Xavier

O que falta para reconhecer a passagem de Deus na nossa história?

José Tolentino Mendonça , In O pequeno caminho das grandes perguntas

Os reis magos perante Herodes, Granger

Deus manifesta-Se em Jesus que nasce.
Mas a grande questão é: Como Se reconhece? Como se reconhece a passagem de Deus pela nossa história? Como se reconhece a sua epifania quotidiana? Com que gramática, de que forma ou com que guia podemos reconhecer a fantástica presença de Deus na nossa vida?
Porque Ele está. Fez-se vizinho à nossa carne.
A nós é que nos falta a capacidade de reconhecê-l’O.

Herodes, por exemplo, estava melhor colocado do que os magos para saber que tinha nascido o rei dos judeus. E, contudo, não sabia de nada. Aconteceu uma coisa grandiosa no seu reino que ele não foi capaz de enxergar. Ele tinha os sábios da sua corte e a Escritura que dizia: «O Messias vai nascer em Belém». O que é que lhe faltava?

Tinha todos os referentes, toda a sabedoria, todo o conhecimento, mas Jesus nasceu e ele não soube. Essa notícia foi-lhe dada por estranhos vindos de longe.
O que é que faltava a Herodes e o que é que nos falta a nós? Perguntemo-lo com franqueza. Falta-nos atenção.

A atenção como tarefa espiritual primeira. A atenção como essa pobreza que têm aqueles que esperam, aqueles que habitam a iminência, os que percebem que cada instante não é apenas o tempo que corre, mas é o limiar de uma revelação.

 

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