I Domingo do Advento (PDF) TEXTO

John La Farge, Os Três Reis Magos
No meio das ocupações de cada jornada, no momento de vencer a tendência para o egoísmo, ao sentir a alegria da amizade com os outros homens,
em todos esses instantes o cristão deve reencontrar Deus.
Por Cristo e no Espírito Santo, o cristão tem acesso à intimidade de Deus Pai,
e percorre o seu caminho buscando esse reino, que não é deste mundo,
mas que neste mundo se inicia e se prepara.
São Josemaría Escrivá de Balaguer
Maria, ícone do Advento
Giacomo Gambassi

Piero della Francesca, Senhora do Parto
O tempo do Advento tem como ícone a Virgem. O Papa Francisco realçou que “Maria é o caminho que o próprio Deus se preparou para vir ao mundo” e é ela que tornou possível a incarnação do Filho de Deus, a revelação do mistério, envolvido no silêncio durante séculos eternos graças ao seu sim humilde e corajoso.
A presença da solenidade da Imaculada Conceição faz parte do mistério que o Advento celebra: Maria é protótipo da humanidade redimida, o fruto mais excelso da vinda redentora de Cristo.
O Advento é o tempo da espera, celebrando a vinda de Deus nos seus dois momentos: a primeira parte convida a despertar a espera do regresso glorioso de Cristo; depois, aproximando-se o Natal, a segunda remete para o mistério da Incarnação (Jesus que Se faz carne) e apela a acolher o Verbo feito homem para a salvação de todos.
Acordai! O Advento está próximo!
Para Mateus, a vinda do Senhor é certa, embora ninguém saiba o dia nem a hora; aos crentes resta estar vigilantes, preparados e activos…
O crente ideal é aquele que está sempre vigilante, atento, preparado, para acolher o Senhor que vem. Não perde oportunidades, porque não se deixa distrair com os bens deste mundo, não vive obcecado com eles e não faz deles a sua prioridade fundamental… Mas, dia a dia, cumpre o papel que Deus lhe confiou, com empenho e com sentido de responsabilidade.
O que é que significa para nós “estar vigilantes”, “estar atentos”, “estar preparados” para acolher o Senhor?
Fundamentalmente, acolher todas as oportunidades de salvação que Deus nos oferece continuamente…
O Evangelho que nos é proposto apresenta alguns dos motivos que impedem o homem de “acolher o Senhor que vem”…
Fala da opção por “gozar a vida”, sem ter tempo nem espaço para compromissos sérios; quanta gente, ao Domingo, tem todo o tempo do mundo para dormir até ao meio-dia, mas não para celebrar a fé com a sua comunidade cristã…
Fala do viver obcecado com o trabalho, esquecendo tudo o mais; quanta gente trabalha quinze horas por dia e esquece que tem uma família e que os filhos precisam de amor…
Fala do adormecer, do instalar-se, não prestando atenção às realidades mais essenciais; quanta gente encolhe os ombros diante do sofrimento dos irmãos e diz que não tem nada com isso, pois é o governo ou o Papa que têm que resolver a situação…
E eu: o que é que na minha vida me distrai do essencial e me impede, tantas vezes, de estar atento ao Senhor que vem?
Neste tempo de preparação para a celebração do nascimento de Jesus, sou convidado a recentrar a minha vida no essencial, a redescobrir aquilo que é importante, a estar atento às oportunidades que o Senhor, dia-a-dia, me oferece, a acordar para os compromissos que assumi para com Deus e para com os irmãos, a empenhar-me na construção do “Reino”…
É essa a melhor forma – ou melhor, a única forma – de preparar a vinda do Senhor.
Dehonianos
Verificar o nosso desejo de Deus
Papa Francisco, 3 Dezembro 2017
A pessoa atenta é a que, no meio do barulho do mundo, não se deixa tomar pela distracção ou pela superficialidade, mas vive de maneira plena e consciente, com uma preocupação voltada antes de tudo para os outros. Com esta atitude percebemos as lágrimas e as necessidades do próximo e podemos dar-nos conta também das suas capacidades e qualidades humanas e espirituais.
A pessoa atenta também se preocupa com o mundo, procurando contrastar a indiferença e a crueldade presentes nele, e alegrando-se pelos tesouros de beleza que contudo existem e devem ser preservados. Trata-se de ter um olhar de compreensão para reconhecer quer as misérias e as pobrezas dos indivíduos e da sociedade, quer a riqueza escondida nas pequenas coisas de cada dia, precisamente ali onde nos colocou o Senhor.
A pessoa vigilante é a que aceita o convite a vigiar, ou seja, a não se deixar dominar pelo sono do desencorajamento, da falta de esperança, da desilusão; e ao mesmo tempo, rejeita a solicitação de tantas vaidades de que o mundo está cheio e atrás das quais, por vezes, se sacrificam tempo e serenidade pessoal e familiar.
É a experiência dolorosa do povo de Israel, narrada pelo profeta Isaías: Deus parecia ter deixado desviar para longe dos seus caminhos o seu povo (cf. 63, 17), mas estes era um efeito da infidelidade do próprio povo (cf. 64, 4b).
Também nós nos encontramos frequentemente nesta situação de infidelidade à chamada do Senhor: Ele indica-nos o caminho bom, o caminho da fé, o caminho do amor, mas nós procuramos a nossa felicidade noutro lugar.