Mensagem do nosso Prior, Cónego José Manuel Ferreira, a propósito do início do novo Ano Pastoral.

A actual pandemia, mesmo que por ora seja ainda muito “suave” em comparação com os flagelos que dizimaram o império romano nos primeiros séculos depois de Cristo ou a cristandade medieval no séc. XIV (como observou recentemente o historiador Roberto di Mattei), não deixou de, desde já, abalar profundamente a vida social, política e económica do mundo inteiro, e também a vida da Igreja em toda a terra.

O egoísmo e arrogância que até há bem pouco tempo marcavam os nossos dias, estão postos em questão, e as certezas em que muitos se apoiavam, revelaram ser um castelo de areia.

O novo ano lectivo e pastoral que está a começar vem envolvido por uma densa nuvem de preocupações, que não podemos fazer de conta que não vemos ou não sentimos, e por isso não podemos agir de modo irresponsável ou irreflectido.
Mas a pandemia, com o seu poder à escala global, não nos pode impedir de manter, com toda a intensidade, cinco atitudes essenciais:

1. Uma intensa vida de oração, pessoal e familiar.

2. Uma fiel participação na Missa dominical e um recurso regular à Confissão sacramental, porque os sacramentos são para nós um alimento indispensável e vital, e nas nossas igrejas não há certamente menos segurança sanitária do que em muitos espaços que frequentamos, designadamente os centros comerciais.

3. Uma participação nos espaços de formação paroquial, quer se realizem presencialmente, quer com recurso às plataformas de videoconferência. A Catequese e os grupos juvenis vão recomeçar, e tudo se fará com extremo cuidado, para que as nossas crianças, adolescentes e jovens possam voltar a participar nos seus grupos e a encontrar os seus catequistas e os seus amigos de que há muitos meses se separaram.

Os nossos catequistas estão a preparar o novo ano com grande empenho e enorme esperança.

4. Uma generosa prática de partilha dos bens materiais, não descurando os ofertórios das missas diárias e dominicais, dos quais dependem quase inteiramente as nossas paróquias, e também a ajuda – directa ou através de instituições de solidariedade social – a pessoas ou famílias em necessidade.

5. Um redobrado carinho pelos nossos doentes e idosos, procurando vencer e superar a solidão que sobre eles tão dolorosamente se abateu.
As respostas à pandemia não são apenas as que as que provêm das regras sanitárias ou dos estímulos económicos. A resposta decisiva é a que provém da fé, que, diante da fragilidade da existência humana, tão evidenciada nas inúmeras perdas de vidas que a pandemia já provocou, revela como é inadiável a nossa conversão, aquela mudança de vida que a fará sintonizar e identificar-se com a luminosa embora também misteriosa sabedoria divina, única fonte de sentido na dúvida e de luz na escuridão.

Cón. José Manuel dos Santos Ferreira